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A volta da Copa Intercontinental, o jogo entre os campeões da Libertadores e da Liga dos Campeões que foi considerado por décadas o Mundial de Clubes, estará na pauta de encontro entre cartolas da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) e da Uefa (União Europeia de Futebol) em fevereiro, na suíça. Os sul-americanos defendem desde 2017 retomar o confronto e conseguiram até o aval da Fifa, mas os europeus nunca se empolgaram. Isso, agora, pode mudar.
A aproximação entre dirigentes dos dois continentes ocorre como uma reação à articulação da Fifa com clubes, principalmente os da Europa, para a criação de torneios globais entre times. Internamente, a federação internacional vê nesses campeonatos chances maiores de aumento de lucro nos próximos anos e a entidade entrou na discussão da criação de uma associação de clubes, encabeçada pelo Real Madrid e que pode ter o Flamengo como primeiro representante brasileiro.
Europeus e sul-americanos não gostaram por razão óbvia: o provável enfraquecimento de seus torneios de clubes, a Libertadores e a Liga dos Campeões. Também por isso a Conmebol decidiu fazer a reunião de seu Conselho na Suíça, onde poderá conversar com cartolas da Uefa. O encontro fora da América do Sul foi revelado pelo jornalista Martín Fernandez, no Globoesporte.com. A Conmebol confirmou que será em Genebra e terá a presença do presidente da CBF, Rogério Caboclo.
E onde a Copa Intercontinental entra em todo esse enredo? A Conmebol, apurou o blog, vê a brecha ideal para o retorno da partida depois da confirmação do novo Mundial de Clubes, reformulado com 24 equipes e quadrienal. Isso abriu datas no calendário em dezembro com o fim do torneio da Fifa no formato atual para que europeus e sul-americanos façam o seu confronto — a ideia seria a partir de 2023, já que em 2020 e 2021 tem o Mundial de Clubes organizado pela Fifa e 2022 a Copa do Mundo do Qatar entre novembro e dezembro.
Um dos empecilhos iniciais para a volta do Intercontinental eram datas e a possibilidade de jogar entre junho e julho, durante a pré-temporada europeia, não agradava potenciais patrocinadores que viam a possibilidade dos clubes da Uefa irem a campo com times reservas. No comunicado que fez para anunciar a reunião de fevereiro, a Conmebol informou que entre os temas tratados estarão “coordenação do calendário para em vista de uma maior cooperação” e o “futuro das competições”.
Se a Uefa apoiar de vez a ideia, faltaria ainda convencer os clubes europeus que, de certa fora, estão tentando se movimentar para criar torneios independentes às federações. Aí entraria a questão financeira. Estudo prévio feito por uma agência contratada pela Conmebol mostra que há margem para que as cotas dos clubes que jogassem a Copa Intercontinental ultrapassem, por exemplo, o que a Fifa paga ao campeão do Mundial no formato atual, que é de US$ 5 milhões — ainda não se sabe quanto caberá a cada clube no novo Mundial, que será disputado a partir de 2021 na China, mas estima-se algo na casa dos US$ 40 milhões.
Avalia-se que a Copa Intercontinental possa render cerca de US$ 10 milhões a cada time participante. Outro atrativo aos europeus seria jogar em mercados que interessam a eles, como EUA e Ásia — nem será colocado na mesa duas partidas, uma na América do Sul e outra na Europa. Seria um jogo e em uma sede, provavelmente bancado por uma ou mais empresas.
Entre 1960 e 1979, os vencedores da Libertadores e do continental europeu jogavam partidas de ida e volta, em suas casas, ou seja, na Europa e na América do Sul. A partir de 1980, com patrocínio da montadora japonesa Toyota, o jogo passou a ser único, no Japão.
Em 2004 ocorreu a última edição porque no ano seguinte a Fifa passou a organizar o seu Mundial como é conhecido hoje, nas mesmas datas em que ocorriam a Copa Intercontinental. Santos duas vezes (1962 e 1963), o Flamengo (1981), o Grêmio (1983) e o São Paulo duas vezes (1992 e 1993) foram os brasileiros que venceram a Copa Intercontinental.
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