UOL
Pedro Lopes e Thiago Fernandes
Apesar da longa e próxima relação entre Tchê Tchê e Fernando Diniz, a discussão entre eles na derrota do São Paulo por 4 a 2 diante do Red Bull Bragantino, na última quarta-feira (6), deixou sequelas percebidas por vários jogadores no dia a dia no CT da Barra Funda. O UOL Esporte apurou que o jogador ficou bastante irritado e magoado por vários dias. O treinador, que pediu desculpas não só ao atleta, mas à família dele e a todo o elenco, passou a semana mais abatido, e descrito por alguns jogadores como retraído e abatido.
Nos dias que se seguiram à partida em Bragança Paulista, Tchê Tchê ficou profundamente irritado com a forma como foi tratado e exposto. Diniz reconheceu o erro e pediu desculpas, mas, em um primeiro momento, o jogador relutou em aceitar. Depois, abraçou o técnico. Pela longa relação, o treinador do São Paulo também entrou em contato com a família do volante para se desculpar, e conversou com todo o elenco.
O comandante são-paulino ficou muito abatido com o incidente. Ao longo da carreira, Diniz sempre teve como princípio a não exposição pública dos seus jogadores. Essa proteção, sempre conversada com os atletas, é um fator psicológico importante na sua metodologia de trabalho. Ao se desculpar com todos os atletas, o técnico confidenciou que os últimos dias foram os piores de sua passagem pelo Morumbi.
Os demais jogadores perceberam o impacto que a discussão teve sobre seu treinador. Diversas fontes ouvidas pela reportagem descrevem um Fernando Diniz bem mais tímido e retraído ao longo da semana de treinamentos. Normalmente intenso e exigente nas cobranças, Diniz tem sido, segundo os relatos, mais cuidadoso, silencioso e comedido.
A preleção antes do clássico contra o Santos, no último domingo (10), também foi considerada mais tranquila do que as conversas que se tornaram marcas registradas do treinador. Diniz só voltou a se aproximar do Diniz habitual quando cobrou o grupo de forma um pouco mais intensa no intervalo da partida — o São Paulo acabou derrotado por 1 a 0.
O abatimento do seu treinador preocupa parte do elenco no São Paulo. Apesar de Diniz ter como marca a cabeça quente durante os jogos e às vezes exagerar no tom, suas cobranças e preleções são consideradas pelos próprios jogadores parte importante do conjunto de trabalho que levou o clube à liderança do Brasileiro. No dia a dia, não deixar o título escapar se tornou quase uma obsessão.
Dentro do centro de treinamento, a expectativa é de que, com o passar do tempo e a convivência, as feridas se cicatrizem para Diniz e Tchê Tchê — a longa relação é intimidade entre eles é trunfo para isso. Diniz já teve discussões mais ríspidas com o atacante Luciano, outro atleta com quem tem mais intimidade, e as rusgas acabaram superadas. O São Paulo volta a campo no domingo (17), quando enfrenta o Athletico, na Arena da Baixada, às 16h. O time comandado por Fernando Diniz tem 56 pontos, três a mais do que o vice-líder Internacional.
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