Encaixes de marcação, Marcos Rocha e posicionamento de Dudu: no que o São Paulo precisa ficar atento para a final

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GloboEsporte

Leonardo Miranda

Rogério Ceni vai enfrentar o Palmeiras pela segunda vez no mês, dessa vez mais preparado. Entenda os atalhos que o treinador pode ter para o jogo.

Depois de decidirem o Campeonato Paulista de 2021, São Paulo e Palmeiras vão se encontrar mais uma vez na final. O primeiro jogo acontece nesta quarta-feira, no Morumbi, às 21h40 (de Brasília), e a decisão fica para o próximo domingo, no Allianz Parque.

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O técnico Rogério Ceni irá encontrar um adversário que já enfrentou muitas vezes. Ano passado, vitória por 2 a 0 pelo Brasileirão. No começo desse mes, o Palmeiras levou a melhor no Morumbi, em vitória por 1 a 0.

Rogério Ceni em Campinense x São Paulo — Foto: Marlon Costa/Futura Press

Rogério Ceni em Campinense x São Paulo — Foto: Marlon Costa/Futura Press

Um saldo que dá a oportunidade para o técnico mapear e investigar os pontos fortes e fracos do rival na decisão. Vamos a eles?

Solidez defensiva e encaixes de marcação

Melhor defesa da história do Campeonato Paulista até aqui, com apenas 3 gols levados, o Palmeiras se caracteriza pela solidez defensiva. É um time difícil de fazer gols e também de finalizar contra. Em 14 jogos, a equipe levou apenas 142 chutes a gol, sendo 40 deles corretos. É uma média de 10 finalizacões por jogo, sendo apenas 2,8 delas corretas. 

Mapa de finalizaões sofridas  pelo Palmeiras: muitos chutes de fora da área — Foto: Reprodução

Mapa de finalizaões sofridas pelo Palmeiras: muitos chutes de fora da área — Foto: Reprodução

Foram muitos chutes de fora da área, de longe, mostrando a dificuldade que é entrar na área do time com qualidade. Inclusive, dos 40 chutes corretos, apenas 21 foram de dentro da área.

O motivo tático dessa solidez é a boa aplicação dos encaixes de marcação que o Palmeiras faz. É um jogo de muita aplicação, onde cada jogador tem um setor em campo bem definido e os adversários que caem naquele setor são acompanhados de perto. Isso causa dificuldade pra levar a bola para frente, fazendo com que o adversário fique com aquela posse improdutiva, sem levar perigo.

Encaixes no meio-campo, com Danilo acompanhando Renato Augusto — Foto: Reprodução

Encaixes no meio-campo, com Danilo acompanhando Renato Augusto — Foto: Reprodução

O São Paulo sofreu com isso no confronto da fase de grupos e precisará de muita movimentação para bagunçar os encaixes do Palmeiras, que começam lá no ataque, com Dudu, Rony e Veiga ajudando muito.

O papel construtor de Marcos Rocha

A final vai colocar lado a lado os melhores laterais direitos…do Brasil! Marcos Rocha e Rafinha estão em alto nível. No lado do Palmeiras, Marcos Rocha não apenas preenche o lado, mas quando o time tem a bola, assume um papel digno de um camisa 8, um verdadeiro construtor de jogadas, acionando Veiga, Dudu e Rony. Foi dele a assistência para o gol de Rony no confronto no Morumbi.

O mapa de passes dele é um bom exemplo. Veja como a maioria dos passes têm como sentido o ataque. Vários deles são direcionados para a área, onde Zé Rafael, Veiga e Dudu estão. Cerca de 40% dos passes que Marcos Rocha dá são para o outro lado, as inversões de jogo. Isso ajuda o Palmeiras a ficar com a bola e também a mudar rapidamente o lado se o adversário fecha bem o setor onde ele está.

Mapa de passes de Marcos Rocha nos últimos dez jogos — Foto: Reprodução

Mapa de passes de Marcos Rocha nos últimos dez jogos — Foto: Reprodução

A capacidade de pensar e articular de Rocha é aproveitada por Abel com uma tática pensada nele. Quando inicia o jogo lá de trás, Rocha não fica aberto como a maioria dos laterais. Ele faz a chamada construção em três junto a Murilo e Gustavo Gómez. Para o São Paulo neutralizar essa saída, tanto Calleri como Eder precisarão marcaar muito e o time inteiro precisa subir as linhas e pressionar a saída de bola para evitar que uma das setas do gráfico acima vire uma assistência.

Posicionamento de Dudu é uma das chaves nos gols do Palmeiras

Se Marcos Rocha não é um lateral de apoio e joga mais próximo da zaga, quem que ocupa o lado direito do Palmeiras? Abel inverteu o lado de Dudu há alguns meses para deixá-lo mais próximo de Rocha. Com isso, o São Paulo terá que redobrar a marcação nesse lado forte, que tem ainda Veiga aparecendo de surpresa e Rony puxando a marcação e abrindo espaço.

Dudu joga aberto pela direita, perto de Rocha — Foto: Reprodução

Dudu joga aberto pela direita, perto de Rocha — Foto: Reprodução

O novo posicionamento de Dudu dá mais espaço para ele receber a bola e carregar pra dentro. É um Dudu diferente da primeira passagem no clube, é um jogador mais colaborativo e armador. No clássico contra o Santos, Dudu ficou bem aberto e conseguia enganar a marcação. Veja como as duas linhas de quatro do Alvinegro estão compactas, mas esquecem do jogador do Palmeiras. Por isso, Reinaldo ou Wellington serão exigidos na marcação, mas todo o setor esquerdo, com Alisson e Nestor, precisará se atentar para cobrir as investidas pelo setor.

Dudu sempre aberto — Foto: Reprodução

Dudu sempre aberto — Foto: Reprodução

Rogério Ceni viu um pouco de todos esses pontos em pleno Morumbi, no dia 03 de março. A boa notícia é que o São Paulo tem o melhor ataque da competição e mostrou em clássicos e jogos duros, e até na pressão exercida no Palmeiras no segundo tempo, que está preparado. Que comece a final!

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