Carpini festeja “classificação heroica” do São Paulo e diz que fez gestos para desafetos em Itu

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Treinador foi flagrado provocando pessoas que estavam atrás do banco de reservas após o gol de Lucas: “Ofensas de cunho muito pessoal direcionada aos meus filhos, minha esposa”

O gol de Lucas, que definiu a vitória por 3 a 2 do São Paulo contra o Ituano, nos acréscimos do jogo em Itu, classificou o time paras as quartas de final e levou alívio para Thiago Carpini, técnico que vive sua primeira temporada à frente da equipe.

Em entrevista coletiva, Carpini destacou a campanha do Tricolor, que terminou a primeira fase na liderança do Grupo D. Nas quartas, o duelo em jogo único será com o Novorizontino, no Morumbis, no próximo fim de semana, em data a ser definida pela Federação Paulista.

– Se a gente colocar um panorama de tudo, tendo de nos reinventar (pelas lesões), fomos a terceira melhor campanha. O sufoco foi porque caímos na chave mais complicada. O São Paulo poderia ter ficado fora com 20 pontos. É o regulamento, apesar que hoje poderíamos estar classificados, vocês sabem do que estou falando, poderíamos estar hoje em uma situação que o aspecto emocional não pesava tanto, sem ter que jogar pela classificação, já com 21 pontos, para definir a primeira colocação.

– Terceira melhor campanha, quebra de tabu (contra o Corinthians), título (da Supercopa), classificação. Vejo um saldo muito positivo. É tudo o que queremos para o São Paulo? De maneira nenhuma, mas estamos no caminho. É a construção para a temporada, e a competição que nos permite mudar, alterar, ajustar e ver o que temos de melhor. Não podemos fazer isso na Libertadores.

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O técnico disse que a partida deste domingo servirá para alguns aprendizados da sua equipe:

– Sempre tem coisas positivas e negativas a se tirar. Foi mais um aprendizado, precisamos melhorar o controle de jogo com placar favorável, umas situações que temos trabalhado de maneira bem enfática e tendem a acontecer meio que parecida. Prefiro enxergar o lado positivo das coisas, o aprendizado de não desistir, buscar uma vitória heroica, classificação heroica no último minuto.

– Não é porque hoje não fizemos nossa melhor apresentação, e tenho consciência disso, a entrega e disciplina dos atletas me deixam tranquilo para a sequência. Tudo no São Paulo é potencializado, cabe a mim como comandante frear a euforia quando estiver demais e colocar o time para cima quando as coisas não estão acontecendo.

Sobre o jogo contra o Ituano, o técnico disse que o time levou sufoco nos minutos finais por falhas de decisões, negando que a entrada de um terceiro zagueiro (Diego Costa) tenha chamado mais o Ituano para cima do São Paulo quando o jogo estava em 2 a 1. Por alguns minutos, o empate deixava o Tricolor eliminado por conta das vitórias de Novorizontino e São Bernardo em seus jogos.

– Quando o Alberto põe o Salatiel, que conheço da Série B, briga muito, com presença de área, fortaleci o sistema defensivo, queria controlar o jogo com o James e Rafinha, com o Rafinha fazendo a saída de três. Ficaria um jogo seguro, caminharia para um final mais tranquilo, que era o que se apresentava. O Ituano não pressionando muito nossa saída, a gente sem querer correr risco, sabíamos o que valia para nós. A ideia era proteger mais a entrada de área, as dobras pelos lados.

– Em algum momento aconteceu, claro que talvez há controvérsias, porque vão associar os três zagueiros ao gol, mas vejo de maneira diferente e respeito as opiniões. Foram mais falhas de tomadas de decisão na partida e na sequência do lance do gol de empate. Fiquei contente, mas são situações a serem melhoradas.

Após o gol de Lucas, Thiago Carpini foi flagrado fazendo gestos de provocação a um grupo de torcedores que estava no setor do Ituano. O técnico disse que se tratou de um atrito pessoal:

– Respeito muito o Ituano, conheço demais as pessoas que trabalham aqui, o Valentim é um amigo pessoal, o auxiliar dele, o Sandro Sargentim já foi meu treinador. Tive três ou quatro atletas que me cumprimentaram porque trabalhamos em outros clubes. Não vou entrar no mérito, mas tinha três ou quatro pessoas no alambrado que conheço, são desafetos que a vida e o futebol nos dão. Em um estádio muito pequeno, com ofensas de cunho muito pessoal direcionada aos meus filhos, minha esposa, há um limite.

– Talvez tenha errado nisso, me dirigi às pessoas que sabem quem são, foi uma resposta de 90 minutos de coisas muito pessoais e pesadas, não vale repetir. O erro foi ter me desequilibrado no fim, mas temos um limite. Então também não me arrependo. Mas de maneira nenhuma ao Ituano, foi um momento de desabafo.

Veja mais trechos da coletiva:

  • São Paulo lento com as mudanças

– Quando a gente tira o Ferreira, até pelo gramado, a bola não rolava e não favorecia um jogador de transição, precisava de bola alongada. E o Ferreira não é um cara de bola alongada, ele é de tirar o time de trás com condução, como o Lucas. Naquele momento, a ideia era não tirar a profundidade, que a gente tinha as laterais com o Wellington, o Juan que acha bem estes espaços, ele tinha a função de empurrar a linha para trás. Não acho que o time ficou mais lento, a ideia era controlar o jogo, prefiro usar desta maneira. O James entra para controlar o jogo, o gramado não favoreceu sua melhor atuação, hoje você vê com tempo a mais do que programamos, mas o gramado sem dúvida deve ter atrapalhado um pouco. A ideia não era deixar o time mais lento, era controlar o adversário em cima da estratégia de cada tempo que a gente entendia ser melhor.

  • Campanha da fase de grupos

– A campanha vejo muito satisfatória. A gente herda um trabalho vitorioso, mas não deixa de ser uma reconstrução. O sucesso depois do sucesso é muito difícil. Se tivesse continuidade, não era certeza dos resultados imediatos, porque o pós é complicado. Natural uma zona de conforto, algumas coisas acontecerem e às vezes atrapalhar um pouco o processo. Perdemos atletas importantes, herdamos um trabalho maravilhoso do Dorival, mas com algumas dificuldades, também. Implementar ideias novas, suprir ausências, problemas de lesões, hoje não tivemos o Pablo Maia, perdemos o Calleri.

  • Duelo com o Novorizontino

– O Eduardo (Baptista) foi meu treinador como atleta, é uma equipe com há três ou quatro anos junta, sólida, competitiva, mas agora é ora competição. Um mata em nossa casa, no Morumbi, não podemos errar como erramos em outros momentos, mas também temos muitas coisas boas a serem repetidas. Com certeza eles também não podem errar, jogar contra o São Paulo no Morumbi não é fácil. É outro cenário, outra competição e vai ser um jogo difícil, detalhe, paciência, o que precisávamos era ir adiante é o que estava no nosso planejamento da temporada.

  • Classificação do São Paulo

– Valorizar ainda mais nosso grupo, como reconhecemos nossas limitações e respondemos com entrega, com uma situação emocional adversa buscamos o empate em um campo como esse, uma situação emocional que nos atrapalhou no clássico anterior, tirou um pouco, ficamos um pouco inquietos, por não aceitar e não ter como controlar o que aconteceu. Gerou uma expectativa, contra um adversário que também quando você luta pela sobrevivência a gente sabe como é. No contexto geral foi muito positivo e agora é um novo cenário. E nosso torcedor, no empate, começou a cantar, isto arrepia, é maravilhoso. Nosso grupo e torcida é o casamento maravilhoso. A gente aqui dá o suporte para que tudo isso aconteça.

  • Experiência no Paulistão

– O mata não é novidade, enfrentamos isso na Supercopa e fomos muito bem. Devo ser o técnico mais jovem do Paulista e um dos com mais jogos. Sem soberba, pelo amor de Deus, eu conheço bem a competição. Pretendo passar um pouco do que vivi, meus erros e acertos, para fazer um jogo seguro, equilibrado, para avançar um pouco mais na competição, porque o São Paulo merece.

  • Elogios a Luciano

– Luciano é muito importante no nosso contexto, fico feliz pelo gol e pela marca histórica. É um cara que já aprendi a gostar e admirar, o respeito que temos um pelo outro, momentos em que ficou fora, foi titular, já aconteceu de tudo com ele nestas rodadas e foi sempre trabalhador. Merece, que faça mais gols e nos ajude muito na temporada.

  • A quase eliminação

– Tem de ter equilíbrio em todas as situações, nem de mais, nem de menos. No gol, passa um filme na cabeça, sem mais paradas e mexidas, o que poderia fazer para agredir mais no fim pela vitória. É um balde de água fria, né? Mas vi o banco atrás de mim, a indignação dos atletas, batendo palma, falando que vai dar. Isto me deixa feliz com o que é o grupo do São Pualo. Tenho conseguido passar isso diariamente, nem sempre vamos resoler com nossa capacidade técnica, coletiva, em alguns momentos vamos ter de nos superar e vão acontecer momentos adversos. Não é o momento adverso, é como você passa por ele. Aqui dentro nunca tivemos dúvida do nosso trabalho. Diretoria, torcida… grande parte da torcida, estafe, comissão técnica. E o mais relevante para mim, depois do torcedor, é a aceitação do grupo, vejo uma sintonia muito bacana e temos tudo para caminhar em uma temporada vitoriosa. Vamos trabalhar para que assim seja.

Globo Esporte