Febre Tricolor – O São Paulo vai pra final

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Estádio Atanásio Girardot, palco da decisão
Estádio Atanásio Girardot, palco da decisão

Dizem que no momento de dor saem as melhores escritas, e esse é o sentimento em relação ao ocorrido na Copa Bridgestone Libertadores. Dor por gostar da dedicação e caráter dos atuais jogadores do São Paulo, da administração Tricolor nesse ano de transição, por ter visto o semblante de Edgardo Bauza após a partida e pelos acontecimentos lamentáveis do pós-jogo. Canalizar o sofrimento significará classificar. É preciso dividir cada uma dessas premissas em etapas ao longo do texto.

Começo dizendo que a maioria dos sãopaulinos não acreditava que o clube pudesse chegar até aqui na Libertadores, especialmente no ano em que Rogério Ceni não defende mais a meta, que o artilheiro Luís Fabiano partiu para a China e que o empréstimo de Alexandre Pato terminou. Não é justo agora que esses que nunca acreditaram cobrem resultados, apatia e teçam críticas. Parece-me justo ainda que a diretoria não caia na armadilha do Sócio-Torcedor, com a relação produtor/consumidor, e a interferência corrosiva que isso pode direcionar no futebol profissional. Torcedor é passional, não entende de negócio e nem de futebol. Dirigente não pode ser passional e, ao meu ver, a profissionalização do departamento de futebol na figura de Gustavo Vieira de Oliveira foi uma meta acertada e tem que seguir assim, por muitos anos.

Em relação ao time, as boas noticias da primeira partida da semifinal da Copa Libertadores, em que o São Paulo foi derrotado por 2 a 0 pelo Nacional de Medellin, foram o crescimento dos volantes Thiago Mendes e João Schimdt. Estou convicto que ambos figurarão como espinha dorsal do meio-campo nos próximos anos. Serão jogadores vencedores. João Schmidt comandou a articulação do Tricolor na partida que mais precisava. Thiago Mendes jogou tudo que não havia jogado no ano, também nessa partida. Por fim, Michel Bastos mostrou a diferença entre um jogador que é, e jogadores que querem ser. Bastos foi o jogador mais agudo do São Paulo, teve duas bolas de gol, bem batidas. A do primeiro tempo, que pegou de primeira sem cair, é lance de craque. O fortuito e a categoria do goleiro Armani fez com que as jogadas não resultassem em gols. Mais o fortuito.

Em relação ao adversário, velho conhecido do São Paulo, não gerou surpresa. Fez um jogo duríssimo e acabou derrotando o São Paulo, em 2014, na semifinal da Copa Sulamericana. Daquele elenco lembro-me já do experiente zagueiro Díaz e do goleiro Armani. Naquela época, Kaká e Luis Fabiano pararam nas traves do Morumbi e a classificação ficou com os colombianos. O time desse ano é bem melhor, e esse colunista já adiantava que sobrou “carne de pescoço” pro São Paulo. O dono do Nacional é bilionário. Vários jogadores nível europa: exemplos do volante Mejía, do ponta Marlos Moreno, do grandalhão zagueiro Henriquez. O time perdeu Ibarbo (voltou pra Itália), Copete para o Santos e Berrio. Trouxe o centroavante Borja, que fez um estrago no jogo do Morumbi e se dá ao luxo de deixar um jogador como Guerra no banco de reservas. Como se vê, o jogo não foi contra ninguém.

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O caminho da crônica especializada apontava a classificação do Atlético Nacional com tranquilidade, justamente por conhecer o contexto do time colombiano. De modo contrário muitos dos jornalistas brasileiros seguem sem confiar no São Paulo e, de fato, apresenta um jogo rígido em diversos momentos, não tem aquela troca de passes, abertura de jogadas, jogo fluindo de modo natural, é sempre no suor e sangue. O jogo do Tricolor não encanta e é bombardeado por quem gosta de bom futebol, temos que entender isso. Em contrapartida, as partidas em que o Tricolor parecia que ia mudar isso e engrenar foram justamente na Libertadores. O time não chegou até aqui a toa, foi fruto de muito trabalho e não estou convicto de que irá sair. Eu acredito, totalmente, na classificação do São Paulo. Precisa jogar bola na Colômbia, saber o poderio do rival, mas partir pra cima com a força de sua tradição. Tem que ganhar na marra, e vai ganhar. Vai pra final.

Ganso

O São Paulo esperava receber zero em uma possível negociação de Paulo Henrique Ganso. A realidade é outra, tem uma proposta oficial de nove milhões de euros, do Sevilla-ESP. O técnico chileno Jorge Sampaoli, recém-contratado pelo clube espanhol, pretende usar Ganso na equipe como um volante, dando qualidade à saída de bola. Quer fazer do meia um “novo Pirlo”, apesar de eu duvidar que essa seja a posição dele. Pra quem tem boa memória, foi a posição que Alexandre Pato sugeriu a Osório que ele fosse escalado, e que o técnico colombiano rechaçou. Criatividade tática iniciada por Milton Cruz, fez com que Ganso jogasse como meia de ligação muito próximo ao atacante. Deixando apenas um homem na frente, Ganso pode entrar na área e o time não perde o poder de combate, devido à recomposição dos pontas. Bauza aprimorou isso em Ganso, trabalho que foi iniciado por Milton Cruz. Se o meia quer sair pra Espanha, o São Paulo tem que vender. Sem fazer novelinha. O jogador está com 27 anos e quer ir pra Europa, tem todo o direito e já nos ajudou muito. Temos que ser agradecidos, manter a espinha dorsal do time e abrir espaço pra essa excelente safra da nossa divisão de base.

Rompimento

O rompimento do São Paulo com as torcidas organizadas foi um ato de coragem. Todos sabem como é a forma que um clube protege os seus “torcedores profissionais”, mas ninguém sabe como isso se dará daqui pra frente. A organizada é uma instituição que ajuda muito o clube. Participa de todas as viagens, está sempre incentivando, mas não tem impedido que maus elementos ingressem no grupo. É inadmissível que alguns torcedores tenham sido hostilizados e vítimas de supostos crimes noticiados, como assédios e furtos. Nesse contexto, a diretoria do São Paulo não teria outra atitude senão essa que tomou.

Contato:

@RealVelame ou [email protected]

Alexandre Velame é Jornalista e Advogado, são-paulino há quase três décadas e usuário da SPNet desde 1997. Escreve nesse espaço aos domingos.

ATENÇÃO: O conteúdo dessa coluna é de total responsabilidade de seu autor, sendo que as opiniões expressadas não representam necessariamente a posição dos proprietários da SPNet ou de sua equipe de colaboradores.

4 COMENTÁRIOS

    • Prezado Alexandre. Sempre torcerei para o São Paulo, mas sou um torcedor racional também. Para ser bem honesto, não vejo sequer mínimas condições de classificação. Seria muito mais que um milagre. Não há nome para isso!!! O time hoje é fraco, de bola e de cabeça. Acredito que levará uma goleada hoje. Até os 20 min do primeiro tempo já terá levado um ou dois gols, com muita tranquilidade. O Bauza errou feio no primeiro jogo. Deveria ter entrado com o Luiz Araújo desde o início. Mas não. Entrou com o Wesley, que nunca jogou bola em lugar nenhum. O Luiz Araújo sequer ficou no banco de reservas meu caro!!! Mas o que é isso??? Quando precisou mexer no time na frente, só tinha o Kardec. E mais, relacionou o time com uns 5 volante. Até aquele Arthur foi para o banco. Os últimos anos tem sido os piores. Talvez somente a década de 60 supere isso tudo. Não acredito nesse time. Para mim, é fraco. Vive tomando goleadas. Para ser franco, estou mais preocupado com o jogo de domingo em Itaquera. Se bobear, toma uma sacola de novo lá…

  1. O São Paulo vai para a final

    kkkkkkk

    A galinha atravessa a rua para chegar do outro lado

    kkkkkkk

    Por que o cachorro entrou na igreja

    kkkkkkk

    Não tem graça nenhuma, parem com essa ilusão, sejamos realistas, o ano acabou.

    Adeus Calleri, Ganso e Rodrigo Caio