Reminiscências – Começar perdendo. Terminar vencendo.

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COMEÇAR PERDENDO, TERMINAR VENCENDO…

E perdemos para o nosso maior rival na abertura da competição que mais gostamos de jogar. Derrota amarga pela forma desanimada que o São Paulo atuou nos 90 minutos, com escalação errada, toque de bola lento, chutões para a frente de um time que não sabia o que fazer com a marcação avançada, além de jogadores que pareciam juvenis, já que em pleno auge do tal futebol profissional e com comissão técnica caríssima para olhar esses detalhes, alguns jogadores entraram com chuteiras erradas e mais escorregaram no gramado molhado do que jogaram bola.

Uma vergonha, que só demonstra o quanto chegamos mal preparados para esse confronto, principalmente no fator anímico.

Essa derrota remete ao ano de 1992, quando perdemos de 3 a 0 para o Criciúma no estádio Heriberto Hulse, com show de Jairo Lenzi, o veloz e inteligente ponta esquerda do time catarinense. É verdade que entramos com um time reserva em campo, é verdade que Telê fez isso para protestar contra a Diretoria Tricolor que não brigava para exigir exames anti-doping na competição, é verdade que Telê não gostava da competição por achá-la desleal, com juízes comprados, times violentos de outros países e uma CBF que não apoiava os clubes brasileiros que a disputavam.

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E não é que o turrão Telê Santana conseguiu vencer essas barreiras e levou o seu São Paulo para a final por três anos consecutivos, levantando o título por duas vezes? O legado do Mestre para o futebol brasileiro é muito maior do que apenas os títulos em campo. Suas brigas e seu São Paulo profissionalizaram a competição, principalmente por fazê-la  ser desejada por todos os clubes brasileiros a partir daí.

O São Paulo passou a pagar pelos exames anti-doping em seus jogos até isso ser implantado pela Conmebol, os métodos do clube para jogar em altas altitudes e montar a melhor logística possível para a conquista do torneio serviram de base para os clubes brasileiros a partir de então. E claro, a alegria de nossa torcida por chegar ao Japão e conquistar o Mundo por duas vezes contra duas potências futebolísticas, cresceram os olhos de todas as torcidas dos grandes times do país.

Até 92, em 30 anos desde o primeiro título do Santos, o Brasil tinha 5 conquistas na Libertadores. A partir dos títulos do Tricolor foram 12 conquistas de times brasileiros, sendo 3 delas do nosso Tricolor. A Libertadores caiu no gosto do Brasileiro e o São Paulo virou o maior campeão da competição ao lado do Santos. 10 semifinais, 6 finais e 3 títulos conquistados, o que demonstra o grau de grandeza do São Paulo Futebol Clube nessa competição.

Lembremos que em 93, já nas oitavas de final, perdemos nosso jogo de estreia para o Newell’s por 2 a 0, o que trouxe uma série de dúvidas se conseguiríamos nos classificar a seguir. No jogo de volta no Morumbi um show de bola e o São Paulo fez 4 a 0.

É evidente que uma derrota para o rival dói e traz uma série de dúvidas para a torcida, mas o São Paulo tem um elenco capaz de dar a volta por cima e fazer bonito que nem os times de 92, 93 e até 94, que contra o Velez foi garfado de forma decisiva dentro de casa, dizem que como uma vingança do Presidente da Conmebol pelo fato do Presidente Pimenta ter sido escorraçado do São Paulo pelo Conselho Deliberativo da época.

Para tornar-se vencedor como essas equipes, esse São Paulo do Muricy precisa buscar padrão de jogo repetindo mais vezes as escalações com os jogadores tidos como titulares. Precisamos também do surgimento de lideranças dentro de campo que não aceitem perder para o principal rival tão bovinamente como na semana passada e também precisamos que nosso atual e o ex-Presidente parem com suas picuinhas políticas, para que esse clima estranho não nos atrapalhe nos locais mais importantes, o vestiário e dentro de campo.

Do ex-Presidente espero que pare de acionar os seus puxa-sacos da imprensa e seus puxa-sacos do Conselho para levar crise ao São Paulo com notícias encomendadas. Do atual Presidente espero que ele ignore o ex-Presidente, pare também de tentar trazer seus amigos e amigas para o clube com promessas de negócios estranhos e que lembre-se de sua própria administração nos anos 80 e principalmente a de seu pai nos anos 70, tempos onde parece que o amor ao clube falava mais alto e o São Paulo agia antes de falar.

Começamos perdendo amigos Tricolores e o que pior, não para o Criciúma ou Newell’s, mas para nosso maior rival, mas ainda acredito que o São Paulo Futebol Clube, com a força de sua camisa pesada e sua mística de Clube da Fé (enterremos o tal de Soberano que só dá azar) vai dar a volta por cima e reviver 92 e 93, aqueles anos maravilhosos que sempre irei me lembrar e agradecer por ser são paulino.

Nessa noite de quarta vencemos bem o Danubio do Uruguai por 4 a 0 com o time demonstrando evolução e o que é mais importante, vontade de vencer. Como em 92 e 93 vencemos nosso segundo jogo na competição e vamos buscar essa classificação, para depois voltar a ser o São Paulo temido nos mata matas da América.

Libertadores é assim são paulino, sempre complicada como em 92 e 93 onde começamos perdendo, mas o que interessa é terminar levantando a Taça, como o Raí fez nesses dois anos.

Eu acredito!

 

Fábio José Paulo (FAJOPA)
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