A Palavra da Corte: Cunha, Abílio, Leco e Gustavo

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Salve, salve, Nação Tricolor. O que era pra ser um mar calmo  – após uma importante vitória fora de casa no Brasileirão, uma semana cheia para descansar e recuperar os lesionados, assim como treinar, dois jogos em casa com adversários onde nossa obrigação é vencer sem muita dificuldade e à espera das semis na Libertadores – se tornou em uma crise. Ao menos é o que temos visto e ouvido.

Eu estava preparado pra falar somente sobre o Abílio nessa coluna de hoje, mas diante de tudo que aconteceu, vamos a um pouco de tudo.

Luiz Cunha

O Luiz Antonio não é um personagem novo para mim. Não posso dizer que sou seu amigo, mas nos conhecemos há muitos anos já, desde os tempos da gostosa rivalidade entre a SPNet e o Fórum Mais Querido há mais de 10 anos atrás, do qual ele sempre foi um ativo participante. Em nossos torneios de society ele sempre estava lá assistindo, tomando sua cerveja e torcendo pro pessoal do Fórum. Posso dizer que sempre só ouvi coisas boas do Luiz. É um grande são-paulino, sócio há anos do clube, é um empresário bem sucedido que sempre tocou sua vida longe da política do clube, tanto que nem Conselheiro é. Em minhas interações comigo, sempre foi um gentleman, de papo muito agradável e inteligente.

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Fiquei feliz quando ele assumiu, porque não resta dúvidas do excelente trabalho que ele fez na base, onde foi trabalhar a convite do Aidar. Ganhou tudo que pode, fez o sãopaulino voltar a ter orgulho e esperança em Cotia. Mudou muita coisa por lá, e os resultados vieram.

E o mesmo estava acontecendo no Futebol Profissional. Tirou o Milton Cruz, que era algo que há muito tempo já deveria ter acontecido. E tinha outras mudanças em mente, como a óbvia inclusão do departamento financeiro nas negociações de qualquer jogador – se isso não acontece hoje em dia, é uma das maiores estupidez que já ouvi na área de gestão administrativa. Só que não conseguiu faze-las por razões que não sabemos. E como não conseguiu, resolveu sair. Simples assim? Ou o Luiz realmente encheu o saco e como não precisa disso (até porque diretores estatutários não são remunerados) saiu, ou ainda há a possibilidade de seu grupo político dentro do SPFC ter planos maiores para ele para Abril/2017, diante da visibilidade que ganhou dentro do clube por seu grande trabalho e pela visível falta de nomes de peso e consenso na oposição. Será?

Só acho que nenhum diretor, em nenhuma empresa pode ou consegue fazer o que quer. As vezes o presidente não compra ou banca suas idéias. As vezes os acionistas não querem. Não priorizar a permanência do Maicon em detrimento a compra do Cueva? Por mais óbvio que seja para nós torcedores a melhor opção, às vezes o líder maior achou melhor apoiar a compra do peruano.  E pedir demissão por causa disso não me parece o que qualquer um de nós faría, ainda mais como diretor de futebol do time que torce – quem aqui não faria uma loucura para estar no lugar do Luiz? Por isso que acho que tem mais coisa por aí, tanto sobre o que o Luiz revelou quanto o silêncio do clube sinalizam.

Leco

Abertamente, sempre elogiou o Luiz. Pelo que o Luiz disse em entrevistas, Leco estava o apoiando em suas idéias e mudanças, mas pediu calma e que as coisas fossem feitas gradativamente. Pra outras, provavelmente, disse não. Como teria meu apoio se for verdade que o Luiz queria para o fim do ano sacar o Bauza e toda sua comissão (incluindo Pintado) e promover a turma de Cotia pro profissional. Seria um direito dele propor essa e qualquer mudança, mas é aí que o presidente entra. E Leco tem sido um cara coerente, exceto em manter o Athaide como diretor mesmo após o imbróglio no Conselho que o expulsou.

Gustavo

Acho que está na dele. Esse sim é um profissional remunerado. É pago pelo SPFC para cuidar do futebol profissional – não sei exatamente o escopo. Veio com Aidar, saiu, voltou. Fala bem na imprensa, parece um cara esclarecido e preparado pra função. Agora, cabe ao presidente delimitar até onde vai sua autonomia, se se reporta a ele ou ao VP / Diretor estatutário. Em caso de impasse, quem dá a palavra final. Não quero saber quanto o Gustavo ganha, salário é pessoal e combinado não sai caro. Mas só ainda me incomoda aquele tema sobre comissão, se Gustavo ganha comissões ao comprar / vender jogadores, isso é um absurdo conflito de interesses, algo totalmente incompativel com a posição de um gerente de futebol. O clube ainda não esclareceu isso totalmente.

Abílio

Bem, a coluna já ficou longa, e acho que esse senhor, por ser quem é, merece que eu discorra um pouco mais sobre ele em uma próxima oportunidade pelo que tem feito e escrito sobre o SPFC, principalmente nessa sua última coluna em seu blog. Só adianto que já li sua bela biografia, é um inegável brasileiro de sucesso no mundo empresarial, e como tal, um exemplo a ser seguido. Como Mestrando em Gestão de Negócios que sou, não resta dúvidas sobre as contribuições que deu ao campo da Administração de Empresas, e tenho que no mínimo gerir um Pão de Açucar e ser o presidente do Conselho de uma BRF pra poder criticá-lo. Agora, como torcedor e sócio do clube que sou, me sinto 100% a vontade, e é o que farei nos próximos capítulos. Rs.

É isso!

Salve o Tricolor Paulista, meu amor hoje e sempre!

artur130

Artur Couto é engenheiro,  sócio-torcedor e sócio do SPFC,  e é administrador da SPNet. Escreve nesse espaço todas as quartas-feiras.

Fale com o Artur no [email protected] ou Twitter @arturcouto

ATENÇÃO: O conteúdo dessa coluna é de total responsabilidade de seu autor, sendo que as opiniões expressadas não representam necessariamente a posição da SPNet ou de sua equipe de colaboradores.

4 COMENTÁRIOS

  1. Só pra complementar, se me permite Artur.

    Não gosto de insinuações na imprensa, que viraram uma moda de diretores que deixam o São Paulo.

    Achei irônicas as palavras do Luiz Cunha sobre o diretor financeiro Adilson Martins, que já tem um histórico ai público…

    Não gostei nada dele ter falado sobre negociação do Ganso, assunto totalmente interna corporis.

    Somente sobre isso faço o reparo.

  2. Parabéns ao Artur por suas ideias lúcidas a despeito do clube.

    De antemão já concordo com suas futuras escritas sobre o Abílio Diniz. Isso porque sei de conselheiros quanto sócios menos abonados já fizeram pelo clube, e quanto ele esperneou por cada migalha que contribuiu.

    Sobre o Luiz Cunha, todos que o conhecem mais próximo me falaram bem do mesmo. Eu também sairia do clube se eu pedisse pra vetar uma contratação, e ela assim mesmo ocorresse, sendo eu o principal homem do futebol. Isso é óbvio.

    Mas também seria muita pretensão minha achar que somente a minha vontade prevaleceria em um clube com 16 milhões de torcedores. Não conseguiria, obviamente, seja eu quem fosse, mandar mais que treinador, gerente de futebol e presidente.

    Como já havia dito em uma das redes sociais da SPNet. Em princípio, não tem vilão nessa história.

  3. Não entendi oque você disse em: “Como teria meu apoio se for verdade que o Luiz queria para o fim do ano sacar o Bauza e toda sua comissão (incluindo Pintado) e promover a turma de Cotia pro profissional.”

    Afinal, você concorda ou não com a decisão de querer substituir Bauza e a comissão pela a da base?

    Acho que Cunha errou ao querer isso. Por mais que a base tenha ganhado muitos títulos, é preciso manter cada um em sua função e não precipitar e mandar Bauza embora. Acredito que o Bauza trará muita alegria ainda para os tricolores.