Adios Bauza! Bem-vindo Jorginho
Amigos da SPNet, inevitável não abordar o principal assunto do universo tricolor nos últimos dias, o legado e a sucessão de Edgardo Bauza que deixou o comando da equipe para ser treinador da seleção argentina.
Primeiro quero falar sobre o que achei da passagem do Patón pelo clube e o coloco entre os treinadores dos quais não vou sentir saudades. Reconheço, porém, que seu trabalho deixou um legado não palpável que não condiz com a mediocridade de seus números.
É sempre bom lembrar que quando ele chegou o São Paulo FC era motivo de piada em qualquer debate sobre futebol. Um clube em crise moral e financeira, com um elenco tido como um dos mais descomprometidos da história.
Eu tinha vergonha do São Paulo FC naquele momento.
A primeira impressão que eu tive do Bauza foi muito boa. Um cara equilibrado, sereno, capaz de responder qualquer pergunta de maneira clara e objetiva, sem se exaltar jamais. Admito que conhecia muito pouco seu trabalho, apesar de ter duas Libertadores no currículo, mas sabia que não era um treinador “moderno” como Osorio e aplaudi a escolha da diretoria por achar que naquele momento precisávamos muito mais de uma identidade do que de conceitos táticos revolucionários, rodízio de atletas e bilhetinhos.
Foi isso que ele conseguiu nesse tempo que esteve à frente da equipe. Hoje o São Paulo FC pode até perder um jogo, mas não será goleado, não se entregará após sofrer o primeiro gol e jogará do mesmo jeito seja em casa ou como visitante.
Foi ele quem conseguiu fazer isso. Foi ele que treinou o time para jogar assim. Foi ele que fez o Ganso ter seu melhor desempenho (regularidade) desde que despontou como uma das grandes promessas do futebol brasileiro no Santos.
Entretanto, foi ele também que deu dezenas de oportunidades para um dos piores jogadores que já vestiram a camisa do São Paulo FC em toda história, o meia atacante Ricardo Centurión, que felizmente seguirá para o Boca Juniors nas próximas horas. O pior é que Patón optou por este jogador por puro bairrismo, pois havia no elenco um jogador que poderia jogar na mesma posição de maneira muito mais produtiva, eficiente. Hoje esse jogador está no Sport e é um dos principais jogadores do time. Para o treinador argentino, o ótimo Rogério disputava posição com Ganso, um verdadeiro absurdo, algo absolutamente incompreensível. Eu nunca vi um jogador jogar tão mal e ter tantas chances com um treinador.
Foi assim que aos trancos e barrancos o time conseguiu chegar à semifinal da Libertadores e caiu de pé, sendo muito prejudicado pela arbitragem nos dois jogos contra o Atlético Nacional da Colômbia.
Agora Patón é passado e sou grato a ele por fazer o São Paulo FC voltar a ser respeitado como time de futebol.
O NOVO COMANDANTE
Desde a aposta em Juan Carlos Osorio me tornei um incentivador da política de se contratar treinadores estrangeiros para comandar a equipe, mas tenho que dizer que nesse momento não tenho certeza de que esse seria o melhor caminho.
Uma coisa é trazer um estrangeiro para iniciar um trabalho no início de uma temporada ou com mais da metade da competição ainda a ser disputada. Outra, diferente e temerária, é trazer um cara de fora para conhecer o elenco e o futebol brasileiro num momento em que o time está próximo da zona de rebaixamento, com metade do campeonato já disputado, além da Copa do Brasil pela frente.
Por outro lado, o grupo atual conta com nada menos do que 6 jogadores estrangeiros, ou seja, um treinador brasileiro terá que conseguir se comunicar com eles, além de conhecer suas características, ou seja, trazer um dinossauro pode ser um tiro no pé. Se a opção for por um treinador brasileiro, tem que ser um profissional relativamente jovem, antenado, atualizado, coisa rara.
Por isso, se eu fosse o responsável por contratar o novo técnico, buscaria o Jorginho, treinador do Vasco.
Apesar de estar muito valorizado no mercado por ser um dos treinadores com melhor aproveitamento no país, está trabalhando na segunda divisão e isso pode pesar diante de um convite do São Paulo FC. Estaria dentro da realidade financeira do clube, conhece o São Paulo FC por dentro (teve uma breve passagem como jogador), conhece o futebol brasileiro e tem experiência no exterior como atleta, o que de certo modo pode facilitar seu relacionamento com os gringos do elenco.
Por tudo isso, acho que ele seria o treinador com melhor perfil para fazer um bom trabalho no São Paulo FC nesse momento.
JORGINHO JÁ!
Sandro Acosta é jornalista e escreve nesse espaço todos os sábados.
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Se continuar o Migué e o Velhugano podem trazer quem quiser