A Palavra da Corte – Nostalgia sintomática

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Salve, salve, Nação Tricolor! Aqui estamos com nossa Palavra da Corte.

Eu sou um cara nostálgico. É bom lembrar do passado, essencialmente das coisas boas e momentos bons. Mesmo recordações não tão distantes assim, nos emocionam, como uma foto que se posta de um filho pequeno, e anos depois o Facebook te traz naquela funcionalidade de recordações. Lembrar o passado mais distante é mais gostoso ainda. Gosto mais de ficar nas lembranças mesmo. As fotos me deixam um pouco deprê, ao ver familiares e amigos que já se foram, ver que eu já tive cabelo – sim, e bastante! rs

Mas temos que viver o hoje. Podemos parar um pouco e lembrar de coisas que passaram, mas o foco tem que ser o hoje, e no planejamento do amanhã, mesmo com a incerteza se ele existirá para nós. Como diz mais ou menos um dito popular, temos que viver o hoje, porque não é a toa que se chama “presente”.

Tenho reparado nas redes sociais ultimamente um aumento espressivo na nostalgia da torcida Tricolor. Torcedores, ex-jogadores e até conselheiros e ex-diretores do clube andam postando bastante vídeos e fotos de jogadores e equipes do Mais Querido do passado.

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Nesse caso, senhores, a nostalgia é sintomática. Sintoma que nosso presente não é nada agradável, e por isso, para ter um pouco de alegria com o time que amamos, recorre-se às glórias do passado.

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Opa, não é o que nosso hino diz? “As tuas glórias vêm do passado?”  Mas nesse caso não tenho dúvida que o que Porfírio da Paz quis dizer é que suas glórias vêm DESDE o passado, ou seja, continuam a existir. Só que não né? Nosso último título expressivo foi a Sul-Americana em 2012, e cá entre nós, não foi uma conquista brilhante, ofuscada ainda mais pelo papelão do Tigre na final no Morumbi, que bateu dentro de campo, depois destruiu o vestiário, brigou com a polícia e fugiu do segundo tempo do jogo.

Pessoalmente considero mesmo o último grande título aquele tri-campeonato que o Muricy ganhou pra nós em 2006, 2007 e 2008 – sim, o Muricy que até hoje uma minoria (mas barulhenta) é ingrata com ele e pega no seu pé sempre que surge boatos sobre seu nome no Mais Querido.

Nosso último Paulista foi em 2005!!! Mesmo ano em que faturamos a Libertadores e o Mundial (que ano!!!!!).

E se pararmos para uma análise sincera, o Tricolor está ruim hoje, mas está mal há anos! Como não ser nostálgico?

Como não ver um vídeo dos Menudos de Cilinho, do time multicampeão de Telê, Muller e Raí, mesmo do menos técnico mas altamente competitivo time tri-campeão de Muricy e não sentir saudades?  Ou ainda ouvir meu pai contando histórias sobre Canhoteiro, sobre Rui, Bauer e Noronha… lembrar mesmo que remotamente (eu era criança mas já ia ao estádio) do forte Tricolor do começo de 80 com Waldir Perez, Oscar, Daryo Pereira, Renato, Zé Sérgio e o glorioso Serginho Chulapa?

De jeitos diferentes, esses times tinham padrão, tinham estratégia. Seja a bola no pivô do Aloísio, as tabelinhas de Muller, Silas, Pita e Careca ou as jogadas envolventes de Cafú, Raí e Cerezo. Mas tinham padrão. O SPFC podia perder, mas sabiamos que as chances da vitória eram grandes. Hoje é o contrário: o SPFC vai jogar na Arena da Baixada ou até mesmo em Caxias do Sul e, qual sãopaulino, sinceramente, pode cravar que vamos ganhar? Pelo contrário, parece que já entramos derrotados em campo, e nós torcedores, sentamos na arquibancada ou sofá já desconfiados.

Sinceramente, eu quero o meu São Paulo de volta. Não o SPFC que as glórias vêm SÓ do passado, mas um São Paulo que é glorioso ainda hoje! Com uma camisa pesada, respeitada e conhecida no mundo todo!

Mas quando isso irá acontecer?

É isso!

Salve o Tricolor Paulista, meu amor hoje e sempre!

artur thumbArtur Couto é engenheiro,  sócio-torcedor e sócio do SPFC,  e é administrador da SPNet. Escreve nesse espaço todas as quartas-feiras.

Fale com o Artur no [email protected] ou Twitter @arturcouto

ATENÇÃO: O conteúdo dessa coluna é de total responsabilidade de seu autor, sendo que as opiniões expressadas não representam necessariamente a posição da SPNet ou de sua equipe de colaboradores.