Nas últimas três partidas disputadas pelo São Paulo, inclusive hoje na derrota por 1 a 0 contra o Atlético Paranaense, viu-se crescimento na produção do meio-campo do São Paulo. O treinador Ricardo Gomes produziu alterações no setor cerebral da equipe e conseguiu evoluir coletivamente como um todo. O time se forma em sentido coletivo justamente com a combinação de jogadores, e esta nova composição rendeu ao clube vitórias contra adversários diretos na lutra contra as últimas posições.
Esperei o término do jogo de hoje para escrever, até pra observar onde o time poderia chegar nessa nova formatação. Apesar de uma histórica dificuldade de encarar o Atlético-PR em seus domínios, sobretudo no primeiro tempo, o São Paulo teve consistência ofensiva. Chegou perigosamente em três oportunidades com Thiago Mendes, Cueva e Chávez e só não inaugurou o marcador devido a boa atuação do goleiro Weverton. Alterações no meio campo na segunda etapa e a saída de Maicon prejudicaram a segurança que a equipe apresentava, mas já há indicativos de como se pode jogar nas próximas rodadas.
No primeiro semestre o técnico Edgardo Bauza mantinha volantes presos na marcação, apostava na genialidade de Paulo Henrique Ganso para criar pelo meio e na velocidade dos pontas Kelvin e Michel Bastos. Contava também com o atacante Calleri, de extrema eficiência. Essa engrenagem se desfez com a saída de Ganso e Calleri. Sobretudo do primeiro, pois já não havia mais quem metesse o passe longo, levando a equipe a uma imensa previsibilidade. Conforme dito duas colunas atrás, dependia-se do estrelismo mais do que o coletivo. Apesar de haver coletividade naquela combinação, sobretudo quando João Schmitt jogava.
Ricardo Gomes teve que mexer para achar um novo jeito de jogar, e achou. Conseguiu um coletivo melhor, com mais segurança no meio-campo, quando passou a dar mobilidade aos volantes. Pediu a Thiago Mendes e Wesley, dois rápidos jogadores, que aparecessem como opções. Como o peruano Christian Cueva é inteligente para dar velocidade à bola em passes rápidos e progressões, Mendes e Wesley têm ajudado o mesmo nessa missão. O meio-campo Tricolor cresceu. Isso foi observado na primeira etapa contra o Atlético-PR também. Cueva não tem o passe longo de Ganso, e combinou mais com jogadores rápidos que passam em progressão.
Descoordenou
Por que a equipe descoordenou na segunda etapa em Curitiba? A alteração não deveria ser feita de Wesley por Michel Bastos. Poderia ser de Hudson por Michel Bastos. Manteria a dupla de volantes que vem dando certo, para não mexer no que acertou, e teríamos mais uma opção na ponta. Para o jogo contra o Juventude, mesmo que o São Paulo mude o ataque inteiro, para qualificar o perfil ofensivo, poderia manter a equipe do meio pra trás.
Buffarini, Maicon (se houver recuperação em tempo hábil), Rodrigo Caio, Mena; Thiago Mendes e Wesley poderiam permanecer. Entrariam Jean Carlos (se houver recuperação), David Neres, Róbson e Michel Bastos. Seria uma tentativa de surpreender na parte da frente. Ou manteria-se Cueva para mexer menos no meio-campo. O São Paulo tem opções de elenco e deve usá-las. Como se trata de um jogo decisivo e que precisa-se de gol, porém, ainda mais pelo fato da vitória não ter vindo hoje, deve-se manter todos os jogadores.
O que quero dizer é que após o acerto coletivo, principalmente no meio-campo, independente de quem estiver jogando na frente – pois o São Paulo tem jogadores de qualidade – o time vai encaixar como um todo. Certa vez Renato Augusto, numa entrevista pela seleção brasileira, disse que o jogo se ganha no meio-campo. Concordo com a frase. É isso, inclusive, o que o técnico do Brasil tem feito para dar liga em sua equipe inicialmente. Convocou, embora ninguém entendesse muito, Renato Augusto e Paulinho; dois dos principais jogadores de meio que brilharam com ele.
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Alexandre Velame é Jornalista e Advogado, são-paulino há quase três décadas e usuário da SPNet desde 1997. Escreve nesse espaço aos domingos.
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