As duas eliminações do São Paulo no Campeonato Paulista e Copa do Brasil 2017 apontam um único caminho a ser seguido pela nova direção do clube: a manutenção de Rogério Ceni e transpiração nas longas semanas de trabalho pela frente. A metodologia ofensiva de jogo buscada pelo técnico sãopaulino requer treino e preparação, algo que terá à sua disposição para fazer com que a equipe tenha sustentabilidade em longo prazo.
O caminho de se “fechar a casinha” é o mais confortável para as equipes que querem algum sucesso, em busca de títulos de momento. Como tudo na vida, no futebol não é diferente: o que vem fácil, vai fácil. Somente com transpiração em cima da boa qualidade de jogadores do elenco que o Tricolor possui é que se poderá colher os frutos. De fazer com que uma mentalidade tática ofensiva se torne competitiva.
Ao assistir o programa Bate-Bola da ESPN Br durante a semana, um dos comentários que li e que infelizmente não recordo o nome do autor, é de que: agora, com o São Paulo eliminado da Copa do Brasil, esse torcedor gostaria de que também saísse do torneio estadual para investir em preparação. Parece-me, de modo acertado, ser este o sentido de avanço da filosofia de Rogério Ceni, de modo a tornar a equipe competitiva e sustentável.
Ao assumir o comando do São Paulo, Rogério Ceni decidiu que iria jogar pra frente. Nas últimas décadas lembro ter visto dois times que atuaram desse modo, sendo competitivos. O São Paulo de Telê Santana, nos anos de 91 a 94; e o Cruzeiro, de Marcelo Oliveira, num breve período, com grande contributo de atletas como Ricardo Goulart e Everton Ribeiro.
Não se trata de jogar pra frente avançando pro ataque com dribles e infiltrações, mas alta capacidade da equipe de modo coletivo. Os passes de primeira e, em alta velocidade, é que permitiam causar o elemento surpresa à equipe adversária; fazendo com que o adversário deixasse de “ter tempo para respirar”, tamanho o ímpeto e criatividade dos atletas. Lógico que esses componentes são aprimorados pela qualidade.
Protagonismo
Assumiu o novo estatuto social do São Paulo o papel de formatar um comando diretivo inerente às grandes organizações. Diferente do rival Palmeiras, que trouxe o know how de uma corporação para participar da gestão, o Tricolor tem a possibilidade de assumir o protagonismo no que tange à profissionalização da gestão esportiva.
Dos nove membros do Conselho de Administração do clube, três serão independentes. Um deles será Raí. Temos um outro ídolo altamente qualificado em relação ao gerenciamento futebolístico, que é Leonardo. Deveriam fazer-lhe um convite, mesmo que ele já tenha assumido em entrevistas que só virá para o Brasil para participar de algo que mude o futebol como um todo.
Entendo que a profissionalização da gestão é o caminho para o São Paulo retomar seu crescimento de modo geral, inclusive no aspecto do futebol. Não pode embarcar na onda de uma torcida que se contenta hoje, meramente, com vitórias sobre rivais Palmeiras e Corinthians. Este apelo intrínseco a torcida hoje, não havia no início dos anos 90. A preocupação era com o próprio clube, em busca de uma hegemonia sulamericana, ultrapassar Independiente e Boca Juniors.
Para voltar a ter preocupações sadias como esta, o clube deve manter treinador por longo período. Deve confiar no trabalho de Rogério Ceni e mantê-lo no cargo ao menos por três temporadas, para que ele possa aplicar o futebol competitivo e ofensivo que pretende. Isso é ter um clube de modo sustentável; e a única maneira de voltar a ser um clube diferenciado.
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Alexandre Velame é Jornalista e Advogado, são-paulino há quase três décadas e usuário da SPNet desde 1997. Escreve nesse espaço aos domingos.
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Então Velame….Para ser bem honesto, não coloco nenhuma fé em Ceni. Tinha que passar um bom tempo distante do clube. Se desapegar um pouco. Duas eliminações em uma semana mostram que ele não está pronto. Não consigo entender toda essa adoração e proteção com ele.
Minha adoração e proteção consiste no fato dele ter coragem.
Você fazer um time competitivo que joga pra frente, e com duas estrelas solitárias (Cueva e Pratto); é um ato de coragem. Também acho o Wellington Nem e Jucilei jogadoraços, que não engrenaram até o momento.
O futebol ofensivo que ele implementa no São Paulo é o que pode fazer o clube sustentável em longo prazo, se o torcedor não entender isso vai estragar tudo.
Esse tipo de futebol é que pode recuperar o nível do Brasileiro como um todo, hoje em dia nossa base sequer consegue criar jogadores criativos para o meio-campo… me refiro à base do futebol brasileiro como um todo. Acabaram-se os craques.
Se você pegar os grandes times ofensivos e competitivos formados ao longo da história, todos demandaram tempo e muito esforço, mas os resultados alcançados foram satisfatórios quando ficaram prontos.
Não é o Rogério Ceni que não está pronto, é o time que não está pronto ainda. Eu não modificaria muito, trazendo no máximo 2 jogadores pra decidir: um meia armador e um atacante de lado brilhantes. Esses dois atletas não podem ser medalhões do futebol, tem que ser atletas caros e jovens, por isso difíceis de trazer.
Como paradigma de futebol ofensivo que deu certo depois de um tempo, temos os trabalhos de Telê Santana e Fernando Diniz, por exemplo. Até um pouco do Guardiola também.
Se você pegar a carreira de Rogério Ceni como goleiro, e realmente ter visto bem como eu vi. Ele era amplamente criticado no início, ao tentar substituir Zetti. Saída de bola deficitária, (tomou um gol olímpico do Marcelinho Carioca)… Até ele se tornar um dos melhores goleiros do mundo demorou. Mas ele foi.
Nunca duvide deste cara.
Eu te compreendo. Mas o clube precisa de uma reformulação completa, em todos os sentidos. E no meu ponto de vista, isso incluia ele também. O cara ficou muitos anos no clube. Jogou no gol muitas vezes não estando em boa fase. Ninguém tinha coragem suficiente para corrigi-lo, e o meu receio eh que isso aconteça novamente. Para muitos,ele eh inquestionavel e irrepreensível. Eh estranho esse fenômeno.
Eu não gostava de Mena e Buffarini, continuo gostando. O Mena teve uma participação contundente no São Paulo, na proteção à defesa…
O Buffarini não conseguiu repetir o futebol dele do San Lorenzo aqui, está numa má fase, mas sei do potencial deste jogador.
Pra mim hoje o titular é Bruno; se ele não se machuca contra o Cruzeiro, no início do jogo, tenho certeza que viraríamos porque ele tava sobrando na direita.
A experiência de demitir 7 técnicos em um ano não nos rendeu títulos; que tal agora manter um técnico por três anos? Durante todo o mandato do presidente?
A propósito, teve um colega blogueiro seu, que disse que tínhamos que tomar cuidado para não queimar Ceni. Interessante…o clube na lama, um lixo, e o cara está preocupado em não queimar Ceni. Eh uma pérola isso. Fantástico.
Não sou blogueiro, sou colunista da SPNet.
Pobre São Paulo.
Faz muito tempo que o São Paulo Futebol Clube se transformou em Rogério Ceni Futebol Clube para uma quantidade enorme da torcida. Não me espanto vc defender a permanência de Ceni por três temporadas no comando do clube. Para quem gostava de Mena e Buffarini.