Na coletiva de imprensa após a vitória de 5 a 0 sobre o Linense, o técnico Rogério Ceni fez pertinente colocação sobre o momento vivido pela equipe em seu comando. Destacou o crescimento tático do São Paulo com a criação de alternativas para furar as defesas mais ásperas; sepultando, definitivamente, o jogo mecânico sob o qual o conjunto tricolor tinha se acostumado. Apesar da evidente irritação do treinador nas duas últimas entrevistas concedidas aos jornalistas, provavelmente pelo ambiente diário de pressão que tem enfrentado e não era acostumado, conseguiu expor o que tem sido sua principal virtude.
Desde a terceira passagem do técnico Muricy Ramalho pelo Tricolor, quando foi conclamado para salvar a equipe de uma tragédia, foi identificado um problema crônico, relacionado à ausência de profundidade da equipe. Muitos chegaram a contestar a lentidão de atletas como Ganso e Luís Fabiano, devido a falta de velocidade da equipe como um todo. Um erro de análise. Faltava, como o próprio Ganso revelou, inteligência a alguns jogadores para que ele pudesse armar a equipe com a qualidade esperada. Movimentação e jogo sem bola são armas fundamentais para o jogador receber um passe desmarcado.
Ramalho instituiu o esquema com pontas justamente em busca dessa profundidade. O padrão de jogo foi mantido por Juan Carlos Osório, com a diferença de que ele preferia os laterais plantados e os pontas sem obrigação de marcar lateral. Foi assim que fez render como ninguém o atacante Alexandre Pato. A chegada de Bauza fez com que a equipe ficasse mais sob o estilo Muricy, mantendo-se, entretanto, o mesmo esquema 4-3-3, que perdura no time há alguns anos, com variações para mais ou para menos.
Contribuição de Ceni
O mecanismo da equipe de Edgardo Bauza não causava imprevisão às equipes adversárias. E facilitava a marcação, pois o rival já sabia onde seria feita a jogada. De forma mais amena, Rogério Ceni disse que o São Paulo era um time de “marcação e contra-ataque”. Exatamente isso. Agora o Tricolor é um time que propõe o jogo, com marcação alta em cima da equipe adversária. Quando os jogadores estão descansados essa característica fica ainda mais evidente.
Um jogador-símbolo dessa nova identidade dada à equipe é Wellington Nem. É um jogador de mentalidade forte, que parece entrar ligado no 220 volts toda vez que atua. Tem capacidade de finalização reduzida, mas é forte no contra-ataque, na marcação alta e enfiadas de bola em velocidade. Luiz Araújo e Júnior Tavares são outras peças chaves dessa nova filosofia.
A grande mudança de Ceni, porém, na análise desse colunista, foi com a entrada no meio campo de jogadores como João Schmidt e Cícero. Ambos tem elevada capacidade de organização e foram essenciais para o crescimento do jogo coletivo do São Paulo. O time chegou ao posto de melhor ataque do Brasil justamente devido à magia propositiva da equipe, com toques rápidos, criativos e envolventes.
Para que fosse dada maior seguridade à defesa, entretanto, fazendo um balanceamento, foi que Jucilei assumiu a titularidade; devido a maior capacidade de marcação em relação aos outros dois e, tendo adquirido forma física, elevada mobilidade.
É pouco?
Alguns podem achar pouco essa mudança de estilo do São Paulo. A principal contestação é de que o time ainda não enfrentou equipes verdadeiramente fortes, e essa certeza só se terá após a partida contra o Cruzeiro; servindo o revés de 3 a 0 diante do Palmeiras como parâmetro.
É verdade que a sequência contra equipes mais fortes vai nos mostrar o quão longe poderá ir esse jogo mágico e ofensivo, em detrimento de ter que se resguardar; sem embargo, há bem pouco tempo o Tricolor tinha dificuldades até pra superar defesas fechadas de times menos técnicos.
Conselho Fiscal
Para que não passe batido, por conhecer Artur Couto desde o ano de 1997, quando foi iniciado por nós os primeiros trabalhos à frente aqui da SPNet – O Termômetro da Torcida Tricolor , é que identifico nele um grande quadro para representar os torcedores no Conselho Fiscal do São Paulo Futebol Clube.
Não tenho a menor dúvida de que os conselheiros que querem o bem dessa instituição vão escolher grandes cidadãos para representar os torcedores. Artur Couto é um deles. Conforme a premissa que sigo e a qual fui ensinado, somente com a liderança de pessoas de caráter, éticas, que é possível o crescimento de qualquer entidade.
Contato:
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Alexandre Velame é Jornalista e Advogado, são-paulino há quase três décadas e usuário da SPNet desde 1997. Escreve nesse espaço aos domingos.
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Temos sim um time, acontece que são muitos jogos em pouco tempo, tem contusão, cartão, cansaço etc…O RC ainda não conseguiu colocar o time titular por duas vezes seguidas. Tivemos um teste contra o Santos na Vila e o time (pra mim) titular foi bem, mandou no jogo, saiu perdendo e soube se impor.
Quinta ainda não teremos o Cueva, portanto, não teremos o time titular. Quando tivermos – Renan, Bufarini, Maicon, R Caio, Júnior, Jucilei, Thiago, Cícero, Cueva, L Araújo e Pratto vamos conseguir jogar bem e convencer