Não acho que seja bom escrever uma coluna num dia que não lhe é próprio, por isso peço desculpas aos que me antecedem e precedem; mas, em razão de algumas verdades incontestes dos meios de comunicação, é necessário fazer ponderações. As análises serão quanto à formação de elenco, possibilidade de rebaixamento e venda do zagueiro Maicon, ao Galatasaray-TUR.
O São Paulo precisava negociar alguns atletas devido a necessidade de equilíbrio financeiro quanto ao cumprimento de encargos dos trabalhadores do clube, empréstimos tomados junto a instituições financeiras e abertura para realização de futuros investimentos. Numa empresa grande o espaço é curto para tomada de decisões e aparar supostas arestas que as mesmas tenham deixado.
O torcedor mormente enxerga o time de futebol. Disso então vamos tratar. O São Paulo vendeu David Neres por 14 milhões de euros (podendo chegar a 15), Luiz Araújo por 10,5 milhões de euros e Lyanco por seis milhões de euros (podendo chegar a oito). Aquele era o único titular da equipe, um jovem que não se sabe qual patamar pode atingir no futebol (já disputou uma final de Liga Europa).
Conforme esclarecido em entrevista do diretor de futebol Vinícius Pinotti nenhum elemento, titular incontestável e parte da espinha dorsal da equipe entregue a Rogério Ceni, foi negociado. Mesmo com pendências financeiras à época, nem de perto o treinador teve desfalques do porte sofrido por Juan Carlos Osório, por exemplo.
O que Pinotti enxerga como espinha dorsal é (agora Rodrigo Caio, devido à venda de Maicon), Júnior Tavares, Jucilei, Petros, Cueva e Pratto. Thiago Mendes também poderá integrar essa base. Notadamente, o São Paulo não fez loucuras e “desfigurou a equipe de futebol”, como a esmagadora maioria dos veículos de comunicação quer fazer transparecer.
Sem embargo, as vozes da comunicação (pois nem todos são jornalistas, muito menos diplomados) parecem ter esquecido completamente dos efeitos da janela europeia sobre o futebol brasileiro. O São Paulo é apontado como a única equipe do País que promoveu um “terrível desmanche no meio da temporada”. Falácia de quem esqueceu de como é o futebol brasileiro e até de quem tem outros objetivos escusos.
A verdade é que a janela europeia sequer abriu. Entre os dias 1º e 31 de agosto vamos observar este “terrível desmanche” em todas as equipes principais do Campeonato Brasileiro. Ou alguém duvida que o Santos possa negociar Thiago Maia e Lucas Lima? Que o Palmeiras possa ter propostas por Mina, Dudu, Roger Guedes, etc. Que hoje tenha aparecido sondagem por Guilherme Arana, do Corinthians?
Todos os times brasileiros se reconfiguram, porque precisam de dinheiro. O fato de dizer que o Tricolor “é sério candidato ao rebaixamento” na décima rodada do campeonato, sem saber o que vai acontecer com as outras equipes, sem saber como os reforços vão se encaixar, tendo a consciência de que o São Paulo já repôs todas as saídas – ao contrário das outras equipes que ainda vão perder jogadores – é mero exercício de futurologia. É tema por busca de audiência (de telespectadores, leitores e até de “likes”)
Caso Maicon
A nova onda de alguns programas esportivos é dizer que o São Paulo perdeu dinheiro com a iminente venda do zagueiro Maicon, ao Galatasaray-TUR. O desconhecimento parece ser completo sobre o mercado futebolístico e do dia-a-dia do clube, de quem afirma isto. Quanto ao clube, é simples lembrar que o objetivo da compra de Maicon foi retorno esportivo, e não financeiro.
Muitos dizem que não houve retorno esportivo porque ele deu um empurrãozinho em Borja (à época no Atlético de Medellin, que o árbitro considerou expulsão). Ocorre que se o zagueiro não fosse para o gol no jogo contra o The Strongest, na fase classificatória, o Tricolor nem dela passaria. Entendo que Maicon deu retorno esportivo e fez grandes partidas.
No que tange ao mercado de futebol, macacos me mordam! O São Paulo pagou seis milhões de euros ao Porto por Maicon. Está vendendo ao Galatasaray por sete milhões de euros com possibilidade de chegar a oito milhões de euros – valores similares aos recebidos pela venda de Lyanco, 10 anos mais jovem.
Mas o Tricolor perdeu dois jogadores da base! Ah é, espertão? Você sabe quem foram essas duas lendas do futebol? O volante Luizão é um deles. Esse jogador jamais iria ser aproveitado na equipe profissional, recheada com dezenas de volantes. O Tricolor ia acabar negociando com alguma equipe do interior ou dispensando, como acontece com dezenas de garotos.
O outro é o lateral esquerdo Ignácio. Pelo futebol que desempenhou no Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil e Libertadores Sub20, sob o comando do técnico André Jardine, tinha chances de ser aproveitado no time principal. Em tese. Júnior Tavares tomou conta da posição e é titular absoluto, o seu reserva imediato Edimar – contratado junto ao Cruzeiro – sequer teve chances de estrear. A probabilidade de Ignácio não jogar no Tricolor seria gigantesca e, por sua vez, do time não lucrar um centavo.
Expostos tais motivos, você ainda acredita que o São Paulo comprou Maicon do Porto por nove milhões de euros?
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Alexandre Velame é Jornalista e Advogado, são-paulino há quase três décadas e usuário da SPNet desde 1997. Escreve nesse espaço aos domingos.
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Nem perco meu tempo, lendo esse colunista, alinhado até a morte com a diretoria e o endeusado mico, rumo a zona de rebaixamento.
O seu comentário é mesmo típico de um pitbull.
Colega Velame. Bom dia. Eh incrível como vc sempre defende a diretoria do clube e o Ceni. Mesmo com um péssimo trabalho de ambos…impressionante.
Bom dia Victão. Tudo bem?
Tenho a tendência mesmo de defender todas as diretorias do São Paulo porque, no geral, fazem um bom trabalho. Tivemos aí a exceção do Aidar, no último mandato. São sãopaulinos com larga experiência profissional e competência. Já enfrentaram todas as situações de gestão na vida, e claramente a tendência é que sejam mais competentes que garotos , que ainda vão passar por desafios, em função da experiência. É claro que a competência não está condicionada à idade; mas o conhecimento aliado a sabedoria é determinante para achar o caminho correto das coisas. Pelo menos assim vejo.
Como eu deixei claro no texto não costumo ficar condicionado à opinião de veículos, tenho meus pensamentos próprios. Assim como tenho certeza que você tem os seus e que são muito bons, se você segue uma ideologia e uma linha de raciocínio.
É acreditando nisso que vejo como positiva a permanência de Rogério Ceni. A fórmula de trocar técnicos nos últimos anos não trouxe resultados ao clube. Confesso que não era o treinador que eu gostaria de ver no São Paulo.
O estilo de futebol que eu gosto é aquele que foi aplicado por Marcelo Oliveira no Cruzeiro, por exemplo. Era um nome que estava no mercado, e que eu tinha preferência.
Mas o início de Rogério Ceni me surpreendeu, vi que ele tem uma mentalidade ofensiva e é exatamente assim que vejo o São Paulo. Apesar disso, independente de quem fosse o técnico; eu defenderia a permanência durante todo o ano de 2017.