Durante 111 anos a Federação Internacional de Futebol (Fifa) reconheceu como campeões mundiais as equipes que disputaram o denominado “Mundial Interclubes”, responsável por reunir em uma disputa final os campeões da Champions League e Copa Libertadores da América. O tradicional torneio reproduziu confrontos entre europeus e sul-americanos desde o ano de 1960. Em 2016, porém, ao assumir como presidente da Fifa, o italiano Gianni Infantino (talvez por razões comerciais) tratou como campeões do mundo somente os clubes que venceram um torneio organizado pela Fifa, a partir de 2000. A pataquada do investigado presidente foi corrigida somente hoje.
A retomada desse reconhecimento por parte da entidade veio após reunião do Conselho Técnico da Fifa nessa sexta-feira, na Índia. Não é novo o fato de agentes políticos cometerem deslizes a serem corrigidos por órgãos técnicos. A fala do presidente da Fifa ao início do mandato, porém, beirou o estapafúrdio. É inegável reconhecer como campeão do mundo clubes que fizeram por merecer essa conquista aos nossos próprios olhos.
Qual são-paulino não lembra da dificuldade de acompanhar a final de 1992, transmitida, por exemplo, pela finada Rede OM (de Galvão Bueno) ou a emoção de esperar até 3h da manhã pela final contra o Milan, em 1993, naquele fantástico jogo transmitido pela Rede Bandeirantes e pela Rede Globo? O time de Raí, realmente, iria rivalizar com qualquer equipe europeia, disso não tínhamos dúvida. Eu, porém, aos 12 anos de idade em 1993, fiquei surpreso quando o São Paulo abriu 1 a 0 e depois 2 a 1 no Milan.
Meu saudoso pai, flamenguista, acordou quando a partida estava em 2 a 2. Expliquei a ele, eufórico, que meu time estava à frente do marcador em duas oportunidades. Já conformado com a disputa de pênaltis, vi Toninho Cerezo arriscar um lançamento para Müller. A mais pura raça brasileira prevaleceu e, com uma espécie de rolete, o atacante dividiu a bola com o goleiro Rossi – antes daquele jogo, imbatível há mais de 1.200 minutos – para fazer o terceiro gol e decretar o Bi-Mundial.
A camisa do São Paulo é tão poderosa que é capaz de produzir coisas incríveis. Nem o mais otimista são-paulino era capaz de acreditar numa vitória em cima do Liverpool, em 2005. Aquela equipe era a coqueluche europeia, o time a ser batido, recheado de estrelas como Luís Garcia e Steven Gerrard – e mais uma vez o São Paulo o superou. Desta vez num torneio organizado pela Fifa, e reconhecido como os demais, como sempre. Lamentável que qualquer entidade queira tentar desmerecer esses momentos mágicos das nossas memórias.
Mais do mesmo
Com a missão de moralizar a Federação Internacional de Futebol (Fifa) após todos os escândalos envolvendo o ex-presidente Joseph Blatter; o italiano Gianni Infantino chegou como figura inconteste, mas já não tem a mesma aceitação em seus pares. É alvo de seguidas investigações na Comissão de Ética da Fifa, seja por influência no resultado das eleições da Federação Africana, seja pelo uso de jatos particulares ou por resistir à independência de órgãos correlatos do futebol de cada País.
Não me parece que o órgão maior do futebol tenha ainda passado por aquela mudança geral que todos esperam. Ao menos, com pequenas atitudes como a de hoje, não dos agentes políticos, mas de órgãos técnicos, é que se inicia alguma moralização no esporte.
Confira a lista de campeões mundiais consolidada:
1960 – Real Madrid-ESP 1961 – Peñarol-URU 1962 – Santos-BRA 1963 – Santos-BRA 1964 – Internazionale de Milão-ITA 1965 – Internazionale de Milão-ITA 1966 – Peñarol-URU 1967 – Racing-ARG 1968 – Estudiantes-ARG 1969 – Milan-ITA 1970 – Feyenoord-HOL 1971 – Nacional-URU 1972 – Ajax-HOL 1973 – Independiente-ARG 1974 – Atlético de Madri-ESP 1976 – Bayern de Munique-ALE 1977 – Boca Juniors-ARG 1979 – Olimpia-PAR 1980 – Nacional-URU 1981 – Flamengo 1982 – Peñarol-URU 1983 – Grêmio 1984 – Independiente-ARG 1985 – Juventus-ITA 1986 – River Plate-ARG 1987 – Porto-POR 1988 – Nacional-URU 1989 – Milan-ITA 1990 – Milan-ITA 1991 – Estrela Vermelha-SRV 1992 – São Paulo 1993 – São Paulo 1994 – Vélez Sarsfield-ARG 1995 – Ajax-HOL 1996 – Juventus-ITA 1997 – Borussia Dortmund-ALE 1998 – Real Madrid-ESP 1999 – Manchester United-ING 2000 – Boca Juniors-ARG e Corinthians* 2001 – Bayern de Munique-ALE 2002 – Real Madrid-ESP 2003 – Boca Juniors-ARG 2004 – Porto-POR 2005 - São Paulo 2006 - Internacional 2007 - AC Milan 2008 - Manchester United 2009 - Barcelona 2010 - Internazionale 2011 - Barcelona 2012 - Corinthians 2013 - Bayern de Munique 2014 - Real Madrid 2015 - Barcelona 2016 - Real Madrid * Nesse ano foi disputado tanto o Mundial Interclubes como Mundial Fifa (este organizado no Brasil, com o campeão nacional como convidado). Confira o Ranking por Clubes: 1º - Real Madrid (ESP) - 5 títulos. (1960, 1998, 2002, 2014 e 2016) 2º - AC Milan (ITA) - 4 títulos. (1969, 1989, 1990 e 2007) 3º - SÃO PAULO (BRA) - 3 títulos. (1992, 1993 e 2005) - Boca Juniors (ARG) - 3 títulos. (1977, 2000 e 2003) - Barcelona (ESP) - 3 títulos. (2009, 2011 e 2015) - Bayern de Munique (ALE) - 3 títulos. (1976, 2001 e 2013) - Peñarol (URU) - 3 títulos. (1961, 1966 e 1982) - Nacional (URU) - 3 títulos. (1971, 1980 e 1988) - Internazionale (ITA) - 3 títulos. (1964, 1965 e 2010) 10º - Santos (BRA) - 2 títulos. (1962 e 1963) - Independiente (ARG) - 2 títulos. (1973 e 1984) - Ajax (HOL) - 2 títulos. (1972 e 1995) - Juventus (ITA) - 2 títulos. (1985 e 1996) - Porto (POR) - 2 títulos. (1987 e 2004) - Manchester United (ING) - 2 títulos. (1999 e 2008) - Corinthians (BRA) - 2 títulos. (2000 e 2012) 17º - Racing (ARG) - 1 título. (1967) - Estudiantes (ARG) - 1 título. (1968) - Feyenoord (HOL) - 1 título. (1970) - Atlético de Madrid (ESP) - 1 título. (1974) - Olímpia (PAR) - 1 título. (1979) - Flamengo (BRA) - 1 título. (1981) - Grêmio (BRA) - 1 título. (1983) - River Plate (ARG) - 1 título. (1986) - Estrela Vermelha (IUG) - 1 título. (1991) - Vélez Sarsfield (ARG) - 1 título (1994) - Borússia Dortmund (ALE) - 1 título. (1997) - Internacional (BRA) - 1 título (2006) TOTAL: 28 clubes campeões do mundo. Ranking de campeões por Países: 1. Brasil: 10 títulos (3 do São Paulo, 2 do Santos, 2 do Corinthians, 1 do Grêmio, 1 do Flamengo, 1 do Internacional) 2. Espanha: 9 títulos (5 do Real Madrid, 3 do Barcelona, 1 do Atlético de Madrid) 2. Itália: 9 títulos (4 do Milan, 3 da Inter de Milão, 2 da Juventus) 2. Argentina: 9 títulos (3 do Boca Juniors, 2 do Independiente, 1 do Estudiantes, 1 do River Plate, 1 do Racing, 1 do Vélez Sarsfield) 5. Uruguai: 6 títulos (3 do Peñarol, 3 do Nacional) 6. Alemanha: 4 títulos (3 do Bayern de Munique, 1 do Borussia Dortmund) 7. Holanda: 3 títulos (2 do Ajax, 1 do Feyenoord) 8. Inglaterra: 2 títulos (2 do Manchester United) 8. Portugal: 2 títulos (2 do Porto) 10. Paraguai: 1 título (Olimpia) 10. Iugoslávia: 1 título (Estrela Vermelha) Fonte deste último: ESPN.
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Alexandre Velame é Jornalista e Advogado, são-paulino há quase três décadas e usuário da SPNet desde 1997. Escreve nesse espaço aos domingos.
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Eis que surge um novo dia da semana
Se o Velame escreve nos domingos e hoje é sexta, isso implica dizer que hoje é domingo-feira.
LG, num site em que até tu escreves – há quatro mãos, tuas e do Imiv – a bagunça tá montada! Desfrute-a!
Já falei que não sou o imiv, não tenho mais de um cadastro aqui.
Uso o mesmo cadastro desde a época que se exigia o CPF, mas infelizmente foi retirada essa exigência.
Nesse seu raciocínio, qualquer um que pense ou mesmo escreva parecido comigo seria eu usando outro link.
Então todos os que pensam diferente também são uma só pessoa.
Mas esquece.
Você me pede pra escrever fora do seu dia excepcionalmente pra dar uma “furada de zóio” dessa? hahahahaha
Pois é, grande Artur, eu tinha sua autorização… por isso nem sei o que este rapaz está comentando aqui. Heheh! Mas já que ele pediu, o respondo, sem problemas…