O texto de hoje poderia ser remissivo à excelente coluna elaborada por Carlito Goés no meio de semana, mas prefiro aprofundar a tese. Uma onda tomou conta dos meios de comunicação após o revés do Brasil de 7 a 1 diante da Alemanha (na Copa do Mundo 2014), culminando na eliminação do escrete canarinho. Medidas pedidas foram: fortalecimento da liga nacional, liberdade de criação para categorias de base, aprimoramento de métodos táticos pelos treinadores e regularidade no trabalho desenvolvido por estes profissionais.
O digno papel da imprensa na cobrança por tais melhorias não se justifica quando a mesma tem arraigada a cultura do futebol brasileiro. As derrotas do São Paulo (1×0, para o Santos; e 2×1, para o Corinthians) foram suficientes para a maioria dos veículos de comunicação pedirem sistematicamente a saída de Dorival Júnior. Entende-se que a torcida – passional como é – peça a saída do técnico por não mais suportar ser alvo de chacota de um rival local. O que não dá pra entender são os profissionais, que devem ser pautados pela responsabilidade da informação, surfarem na mesma onda.
No último dia 21, a Folha de São Paulo fez importante levantamento sobre o desempenho dos treinadores do Tricolor em temporadas recentes. Manchetou que Dorival Júnior (52,38%) tem desempenho similar ao de Ceni (50,48%) na equipe, o que foi suficiente para que colunistas dos mais diversos setores realizassem diversas interpretações desses números, nenhuma delas favorável ao treinador. Com todo respeito, tais números não querem dizer muito.
Tomando como base Doriva (33,33%), Edgardo Bauza (44,44%), Ricardo Gomes (42,59%), Juan Carlos Osório (52,87%) e Muricy Ramalho (59,94%), analisando friamente os números, Dorival Júnior é um dos melhores ranqueados, ficando na terceira colocação. O desempenho é mais parecido com o do colombiano do que com o de Rogério Ceni, mas a manchete não seria tão impactante. Quem chegou mais longe? Ao meu ver Edgardo Bauza, colocando o São Paulo entre os quatro melhores da América do Sul. Veja como números isolados não querem dizer muito.
Deve ficar!
O problema do São Paulo, definitivamente, não é como Dorival Júnior arma a equipe e nem nada parecido. O problema é ausência de regularidade no trabalho dos treinadores. Se já há dificuldade em manter a base da equipe quando abre-se a janela na Europa, o mínimo que as equipes brasileiras tinham que fazer seria garantir treinadores por longos anos nas equipes. Se apostou no trabalho de um profissional deveria ir até o fim com o mesmo, ainda mais quando este possui outros trabalhos de reconhecida competência.
Quando Dorival Júnior diz que 12 dias de pré-temporada é um período inadequado para qualquer equipe não quer “tirar o dele da reta”, quer dizer que isso nivela por baixo o futebol. Esse é um tema importante a ser tratado pelos veículos de comunicação, e não pedir a cabeça de um técnico após duas derrotas.
Se o São Paulo ainda não apresentou um futebol exuberante nesse ano, importante lembrar que foi o terceiro colocado do segundo turno do Brasileirão 2017, exatamente sob o comando de Dorival Júnior. Ninguém transforma uma situação como aquela se não tiver qualidade na profissão que exerce. Quando não apresentou um futebol exuberante venceu, tanto no Paulista, como na Copa do Brasil. Quando apresentou um futebol melhor (nos clássicos), perdeu.
Direção de futebol
Outro tema muito pobre que tem feito parte do noticiário é de que Dorival Júnior não pediu o time que tem. Qualquer treinador gostaria de contar com jogadores do calibre de Petros, Jucilei, Húdson, Cueva, Diego Souza, Nenê, Anderson Martins, Arboleda, Rodrigo Caio, Sidão, Jean… o elenco do São Paulo é qualificado para o nível do futebol brasileiro.
O fato de algumas negociações não terem dado certo como Gabigol e Marinho não deve ser elevado ao nível do caos. Você não pode pagar salários de 800 mil sendo dirigente de um clube brasileiro, tampouco a quem não o mereça a metade disso, em hipótese alguma. Afinal, qual o “super atleta veloz” que você imagina, que não veio?
Se o entendimento é que o time principal é lento ou algo do tipo, o treinador tem à disposição jovens de muita qualidade para desenvolver o futebol. Uma das reclamações da torcida era a contratação de jogadores inúteis para tirar o espaço da base de Cotia. Pois bem, não trouxeram inúteis e subiram mais de uma dezena de jovens. Agora é totalmente injusto a torcida reclamar novamente, se foi ela mesmo que pediu isso.
Posso assegurar que não há nenhum grave problema com o time do São Paulo, tudo que técnico e jogadores precisam é de tranquilidade para readquirir a confiança e desempenharem o que sabem. O treinamento dessa sexta-feira (23), por exemplo, revelou grande precisão na capacidade de finalização e concentração; somente com suor poderá haver a retomada.
Agora que as finanças do São Paulo foram readequadas e reequilibradas, o que deve ser feito pela direção é garantir a manutenção da base de jogadores do atual elenco após a abertura da janela europeia, após a Copa do Mundo. Verificar se ainda há carência no elenco e fazer duas ou três contratações pontuais, se houver necessidade. Leco não pode repetir 2017 desamparando o técnico, mesmo que naquele ano tenha tido necessidade de fazer. Agora não tem.
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Alexandre Velame é Jornalista e Advogado, são-paulino há quase três décadas e usuário da SPNet desde 1997. Escreve nesse espaço aos domingos.
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Parabéns pelo texto, simples, você só disse a verdade e usou a lógica, coisa que esses jornalistas e analistas de merda não conseguem (na verdade não querem) fazer.
Concordo Velame, Dorival tem que ficar. Nossa diretoria tem obrigação é de contratar um lateral direito para qualificar o elenco e calar a boca.
O Leco se omitiu até agora e quando a chapa esquenta ele aparece com cara de poucos amigos querendo dar uma de general, babaca, continue sem falar que é melhor, de apoio ao treinador, mostre liderança.
Quem precisa aparecer agora é o Raí, está se escondendo, tem que chamar a responsabilidade, blindar o elenco, não deixar ninguém falar bobagem, dar tranquilidade ao Dorival e espantar os abutres da imprensa.
Beleza, só não concordo que Raí esteja “se escondendo”. Ele apostou num elenco e deu um bom elenco a Dorival Júnior. O que precisamos é parar de demitir diretores e treinadores constantemente, e deixar os mesmos trabalharem com calma.
Acredito que a pressão pela saída de Dorival tanto pela mídia quanto torcedores é uma questão da cultura do nosso futebol.
Aqui não se analisa números, o que vale é a máxima deixada pelo ilustre Dadá Maravilha que disse: “Não existe gol feio, feio é não fazer gol.”
E quando não se faz gol, não ganha. É melhor jogar feio e vencer do que ter uma bela atuação como aquela contra o Santos e sair derrotado.
Quanto ao sucesso do Dorival no 2°turno do brasileiro não sejamos hipócritas, ele deve-se a presença de um jogador chamado Hernanes. Se não fosse ele, Dorival nem tinha chego ao final do campeonato como treinador do SPFC.
Não tem ninguém sendo hipócrita, é só uma questão de opinião. Dizer que Hernanes foi o responsável pelo São Paulo não ser rebaixado é mais uma besteira propagada aos quatro cantos pelos veículos de comunicação. Futebol é esporte coletivo, nada mais… nunca um jogador irá fazer diferença para um time todo. Depende do encaixe das peças sempre. Para alguns, como o Arnaldo Ribeiro (ESPN), inclusive, Cueva foi mais importante na luta contra o rebaixamento que Hernanes. Respeito a opinião dele também, e não acho hipocrisia.
Meu caro, já que gosta de números, aí vão:
Hernanes: 19 jogos, 9 gols e 3 assistências.
São Paulo COM Hernanes no Brasileirão: 19 jogos, 8 vitórias, 5 empates, 6 derrotas – 50,9% de aproveitamento.
São Paulo SEM Hernanes no Brasileirão: 17 jogos, 4 vitórias, 5 empates, 8 derrotas – 33,3% de aproveitamento.
Hernanes contribuiu diretamente em 12 pontos conquistados pelo São Paulo, sem os quais seria o penúltimo colocado no Campeonato Brasileiro 2017.
FONTES:
BORGES, Fábio. Veja os números do São Paulo com e sem Hernanes. São Paulo: 2017. Disponível em: . Acesso em: 25 fev 2018.
UOL. Sem gols e passes de Hernanes, São Paulo seria penúltimo.[S.I.]: 2017. Disponível em: . Acesso em: 25 fev 2018.
Estas não são opiniões, são números e com Hernanes a garantia de resultado favorável é maior.
Ps: São-Paulino que afirma que Hernanes não foi o responsável pela fuga do rebaixamento não é São-Paulino.
Não sei o que houve, mas o Links não entraram. Porém com os títulos é possível ter acesso às informações. Abraços.
Como diz o LG, a quem você chama de “mito”… (pelo menos é melhor do que alguns que chamam um determinado político desse adjetivo)… não sou torcedor de jogador. Embora tenha influenciado positivamente o jogo coletivo do São Paulo, em esporte coletivo ninguém faz nada sozinho. Não sou menos sãopaulino que você porque não concordo, mas pode continuar com devaneios desse tipo… na democracia, nada impede…
O maior problema desde a saída do murissoca é q não dão paz pra nenhum treinador. Quando tem alguma coisa boa, tds pressionam pra arrumar outro setor a ponto do técnico ter que mudar seu pensamento pra não perder o emprego.
Exemplos:
Osório e Bauza
Apertei postar sem querer. Continuando…
Exemplos: Osório e Baixa (não foram demitidos, mas seriam em breve) estavam pressionados enquanto montavam esquemas muito interessantes, cada um a seu modo, o colombiano com um jogo de transição bacana, rodízios, muita movimentação e toque de bola, foi muito criticado, como sempre, pela torcida. Com o Paton, a mesma coisa, o modelo de jogo diferente, um sistema defensivo eficiente, mas reclamavam da falta de gols, não duvido nada que, mesmo com uma classificação para uma semifinal de libertadores, ele seria mandado embora se não tivesse saído pra assumir a seleção Argentina.
R. Ceni
O mito das traves, pode um dia se tornar um mito no banco também. Deveria ter se preparado mais, mas o início de trabalho dele tava sendo interessante também. Mas reclamaram, mesmo o time fazendo muitos mais gols do que tomava, a defesa era fraca. Assim, mais uma vez, apagasse tudo de bom que estava sendo construído pra arrumar outro setor, resultado: o time para de levar tantos gols mas para de fazê-los também.
Recentemente Dorival também teve que mudar seu pensamento para ganhar sobrevida no cargo
Na boa, eu não acredito que algum corneteiro de plantão seja mais preparo que o Dorival ou me indique pelo menos três nomes VIÁVEIS, que com certeza fariam um trabalho melhor que ele nesse momento. Penso que, se tiver paz, Dorival vai encontrar o caminho, o elenco não é desqualificado como muitos dizem, é o treinador não é burro, mas só “tempo” não resolve. Precisa de tranquilidade pra aplicar aquilo que sabe e entende pra fazer a equipe jogar um futebol que ela tem capacidade de jogar.
Como já havia disse anteriormente, acho o Dorival apenas um treinador mediano. Mas demitir ele agora demonstra uma total incompetência dessa já desacreditada diretoria. Se o cara era ruim, porque não trocaram logo no início do ano?
A verdade é que queimaram o Dorival, e isso não vem apenas da imprensa, o processo é muito comum da diretoria para desviar o foco dos erros que cometem constantemente.
Concordo que não dá para pagar 800 mil de salário para um refugo europeu, mas no mínimo consultar o treinador para segunda e terceira opção. Nossa política ainda é contratar sem consultar o técnico e principalmente pagar caro por jogadores em final de carreira e lesionados.
Não concordo com toda essa qualidade do elenco, opinião minha, acho os Danoninhos apenas medianos, exceto o Brenner.
Não dá para tirar leite de pedra, o time é carente ainda, a lateral direita não existe, não temos um centroavante e nosso meio de campo é sim lento infelizmente.
Existe o desconforto por parte do Dorival, por mais que não dê para fazer loucuras por jogadores extremamente caros, ao menos deve-se tentar algum outro pelo menos com características parecidas e o Nenê tem características parecidas com o Scarpa só que há uns 5 anos atrás.
Concordo, não é hora de trocar o treinador!
O que aconteceu com o jogo entre SP e Santos é o mesmo que aconteceu com o Chelsea e o Barcelona (não estou comparando os times), eles dominaram o jogo, acertaram duas vezes a trave, custaram a fazer o gol, aí na primeira oportunidade o outro time vai e faz!
O SP está com muita dificuldade pra fazer os gols, na minha opinião está certíssimo o que foi dito na coluna, jogamos melhor e perdemos os clássicos!