Memórias Tricolor #49 – Diego Maradona

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Maradona foi o melhor jogador que este colunista viu jogar, o mais completo, de futebol refinado, classe e arte. Mas ele não jogou no São Paulo, então como a Coluna Memórias Tricolor que é dedicada à história do Clube, ex- jogadores que atuaram pelo São Paulo, torcedores e fatos históricos, contará a história deste jogador…

Eu nasci em 1977, o primeiro jogo de futebol que tenho em minha memória foi a final do Campeonato Paulista vencida pelo Santos em 1984 com os lendários Rodolfo Rodrigues e Serginho Chulapa, nosso maior artilheiro. O primeiro campeonato que eu me recordo ter acompanhado foi o Paulista de 1985, vencido justamente pelo Tricolor com uma equipe incrível dirigida por Cilinho e que tinha Gilmar no Gol, Zé Teodoro e Nelsinho nas laterais, Oscar e Dario Pereira na zaga, Falcão “o Rei de Roma”, Silas e Pita no meio de campo e no ataque Müller, Careca e Sidnei, um time fantástico cuja espinha dorsal durou até 87/88.

No final de 1982, o São Paulo precisava substituir o seu maior artilheiro Serginho Chulapa que deixava a equipe em direção a Vila Belmiro, então contratou do Guarani o jovem atacante Antônio de Oliveira Filho, o Careca, que aos 18 anos já era Campeão Brasileiro. Ao chegar ao São Paulo Careca tinha acabado de se recuperar da contusão que o tirou da Copa de 82, porém sua adaptação ao Tricolor foi lenta e apenas em 1985 ele se consagrou, comandando a equipe no Paulista e depois na conquista do Brasileiro de 1986.

27.03.1993, Morumbi Stadium, S‹o Paulo, Brazil. Friendly match, S‹o Paulo FC v FC Sevilla.
Diego Maradona of Sevilla gets to know the pitch before the match.
©JUHA TAMMINEN

Ao final do Campeonato Brasileiro de 1986, em fevereiro de 1987, Careca era o maior ídolo Tricolor e reverenciado no país inteiro, era impossível segurar o atacante, e então o italiano Napoli despejou uma fortuna a época, e Careca foi jogar ao lado do astro argentino Diego Maradona que em 1986 encantou o mundo e conquistou a Copa para a Argentina.

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A negociação com o Napoli incluiu a realização de uma partida entre os dois times, assim em 30 de maio de 1987 no Estádio San Paolo, Napoli x São Paulo. Aos 12 minutos Carnevale já colocava a equipe italiana em vantagem, mas Careca aos 24 minutos cobra falta com maestria e empata o jogo. A poucos minutos do intervalo Giordano marca um golaço aos 40 minutos.

Para o 2º tempo a equipe Tricolor voltou determinada a mudar o placar e só deu São Paulo, o Napoli e Maradona conheceram a força Tricolor, o razão de sermos O Clube da Fé, e de tanto insistir o empate veio, Bernardo domina a bola e de forma magistral passa para Edivaldo, nosso ponta esquerda não perdoa e acerta mais um de seu famosos “tiros” de canhota e marca um golaço. Um jogo entre Careca, o melhor Centroavante brasileiro, contra Maradona o então melhor jogador do mundo não poderia deixar de ter golaços e o empate foi o grande resultado da partida. Careca se despediu do manto Tricolor para formar a melhor dupla de ataque que o futebol italiano já teve.

Na Copa de 1990, Maradona liderou a seleção Argentina até a final, porém foram derrotados pela Alemanha que se tornou a 3ª seleção Tricampeã da Copa do Mundo ao lado da Itália e Brasil.

Início de 1993, após conquistar o Mundo vencendo o poderoso Barcelona por 2 a 1 em Tóquio, o São Paulo queria fazer uma grande festa para a torcida, Diego Maradona em 1992 tinha acertado contrato com o Sevilha da Espanha e teria o direito de organizar oito amistosos, foi então que em 27 de março de 1993, Diego Maradona enfrentou o São Paulo pela 2ª vez, agora porém no Morumbi.

Era o assunto da semana, eu tinha 15 anos e não podia perder de forma alguma assistir o então melhor jogador de futebol do mundo na atualidade, não podia deixar de assistir aquele que era apontado por todos como o melhor jogador depois de Pelé, o grande ídolo argentino, que mesmo não estando mais no auge tinha “carregado” a Seleção Argentina em duas Copas do Mundo, com apenas 1,65m de altura, o baixinho Diego Maradona era um verdadeiro monstro em campo.

Não foi muito difícil convencer meu Pai Sergio a me levar ao Morumbi, afinal ele também sempre foi fã de grandes jogadores. São Paulo x Sevilha, uma tarde de sábado, e então estávamos lá, no Maior Estádio Particular do Mundo, o Sevilha não era um dos grandes da Europa, mas tinha o Melhor Jogador do Mundo, e do outro lado o Melhor Time do Mundo, o Campeão da América e do Mundo.

O São Paulo não decepcionou e logo no 1º tempo Raí recebeu grande lançamento de Palhinha e marcou um golaço. No 2º tempo Cafu sofreupenalti e Raí marcou, 2 a 0. Maradona estava fora de forma, mas mesmo assim fez belas jogadas, acertou a trave de Zetti, deu passes precisos e arriscou belos dribles, o posicionamento em campo de Maradona era perfeito e eu acompanhei todos os 90 minutos das arquibancadas do Morumbi.

Ao final da partida Maradona foi cercado pelos jornalistas que puderam acompanhar ele ir encontrar o Mestre Telê Santana e dizer “Muchas felicidades, muchas gracias”.

Telê Santana minimizava a importância que a imprensa e torcida davam a partida durante a semana, porém não poupou elogios a Maradona dizendo “Quando a bola está em seu pé, tudo pode acontecer. Mesmo agora, depois dos problemas que enfrentou, é um jogador que desequilibra”, o Mestre reconhecia em Maradona o talento e genialidade do craque.

E assim que o maior jogador argentino enfrentou por duas vezes o Maior Clube brasileiro, o São Paulo Futebol Clube, O Mais Querido.

Gustavo Flemming, 40 anos de amor ao SPFC, é empresário no segmento de pesquisa de mercado e consultoria em marketing.

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