Com as informações dos bastidores do clube de que não há mais movimentações de mercado, no sentido de integrar novos jogadores ao elenco, é hora do técnico André Jardine mostrar intensidade e criação de um novo perfil de jogo para a equipe. A manutenção do sistema 4-3-3 é uma máxima aplicada desde o Sub-12 Tricolor para todas as categorias e, nesse momento, a tática em si será o menor dos desafios para o treinador. A intensidade dada ao time também não, pois foi essa uma das grandes contribuições de Diego Aguirre. A origem do novo modelo de jogo passa, então, pelo crescimento do jogo coletivo do São Paulo.
André Jardine não terá uma missão simples. Prefere um estilo de posse de bola e coletividade, com um máximo de dois toques. É exatamente o oposto de seu antecessor, o que pode ser considerada uma barreira no trabalho empreendido pela diretoria de futebol. Por outro lado, o legado que será aproveitado é da manutenção de uma equipe intensa e que luta pela posse de bola a todo segundo de jogo. Que se necessite menos de luta e correria, e mais de inteligência e dinâmica. Os jogadores trazidos ampliam a qualidade e podem colaborar com essa nova diretriz.
Outro desafio a ser enfrentado pela nova comissão técnica formada por Sandro Forner, Carlinhos Neves e André Jardine, comandada pelo agora coordenador de futebol Vágner Macini, é integrar os novos contratados ao elenco e fazer com que se adaptem o mais rápido possível ao novel sistema de jogo que pretendem implementar. São muitos jogadores e cabeças novas para formação de um grupo, o que seguidamente acontece no Brasil. Por outro lado, como se pretende mudar radicalmente o sistema, descartam-se os vícios anteriores e torna a chegada de atletas favorável.
Quem será titular?
Como os clubes brasileiros não conseguem contratar jovens estrelas (a exceção hoje do Palmeiras), os jogadores decisivos estão principalmente no “terceiro terço” da carreira. Entre esses os três principais nomes do elenco são: Diego Souza, Nenê e Hernanes. Destes se espera que a bola caia no pé e o torcedor não tenha quaisquer preocupações, pois os mesmos resolvem os problemas.
Para que o time não dependa tanto dos três o treinador precisará trabalhar e muito, enriquecendo o jogo coletivamente. No estilo que pretende implantar, possivelmente um ou dois deles serão reservas, em razão da necessidade por velocidade. Apesar do alto investimento, Pablo não foi testado em um clube desta magnitude (com todo respeito ao Athlético), razão pela qual enxergo ainda Diego Souza como centroavante.
Se tivesse que fazer uma aposta de time para André Jardine iniciar os trabalhos, com base no elenco que foi montado, esse seria: Thiago Volpi; Bruno Peres, Robert Arboleda, Anderson Martins e Reinaldo; Jucilei, Liziero e Hernanes; Helinho, Diego Souza e Éverton. Parto dessa escalação, pois a mesma é um misto de técnica, velocidade e passe de qualidade que o técnico almeja.
A escolha por Liziero e Anderson Martins, principalmente, se dá devido a um fundamento muito visado pelo treinador: o passe. Isso faria com que a saída de bola da equipe fosse qualificada. Ressalta-se, porém, que a escalação é mero palpite, considerando outras diversas formações que seriam excelentes e que os torcedores podem ter entendimento que seriam mais adequadas. O exercício é apenas de pensar o que o treinador espera.
Finalmente, queria alertar para um erro comum que os torcedores têm e, embalados pela passionalidade, alguns cartolas cometem: a saída de jogadores de alto nível por não poderem ser “titulares”. É a chance do São Paulo acabar com essa mística. Não é recomendável manter reservas de baixo nível só porque não há 11 cadeiras para os melhores sentarem. O número de competições brasileiras permite que todos joguem.
O que quero dizer nesse sentido, se ainda não fui claro, é que será um erro demonizar o goleiro Jean (por exemplo) caso Thiago Volpi comece o ano como titular. Jean é um excelente goleiro e ainda em fase de amadurecimento pleno. Até Rogério Ceni passou por isso. Nenê e Diego Souza foram os melhores jogadores do ano passado, caso algum deles não seja titular, tem que ser valorizado do mesmo modo, pois são importantes. Nesse sentido, as especulações que envolvem os mesmos com Fluminense e Vasco, respectivamente, não deveriam passar desse campo. São peças de difícil reposição. É o que temos a acrescer.
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Alexandre Velame é Jornalista e Advogado, são-paulino há quase três décadas (apesar de ser mais velho que isso) e usuário da SPNet desde 1997. Escreve nesse espaço aos domingos.
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