Além das 4 linhas – Nova realidade

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Com a chegada de grandes empresas ao futebol brasileiro, como o Grupo City, que comprou o Bahia por exemplo, acredito que teremos uma nova e promissora realidade dentro do nosso futebol. Hoje em dia prefiro pensar e escrever sobre o negócio futebol do que propriamente sobre o jogo dentro de campo, já que vejo enormes mudanças no horizonte e isso me anima e chama meu foco.

Uma empresa enorme como o City, em primeiro lugar, chamará a atenção dos jovens jogadores de futebol e muitos deverão passar a dar preferência a este clube, em detrimento de outros pelo simples motivo da vitrine melhor. Depois, o poder aquisitivo desta empresa com certeza fará a diferença a favor deles no momento de disputar uma contratação de um jovem talento brasileiro ou sul-americano, pois agora não temos o City só na Europa, temos aqui também. A molecada fica louca, já que o sonho deles não é mais jogar no SPFC, é jogar no primeiro mundo.  

Lá nos anos 1960, 1970 e 1980, os clubes grandes compravam dos pequenos do interior suas jovens promessas. Foi assim que o SPFC comprou o jovem camisa 9 Careca do Guarani. Estes talentosos jogadores hoje em dia vão direto para o exterior, já não passam mais pelos “grandes”. Na realidade os clubes perderam a capacidade de investir nestes talentos pela valorização que o futebol sofreu nas últimas décadas, já que Infelizmente são necessários R$ 25 milhões por cada jovem talentoso que desponta nos clubes menores.

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Muitos vão dizer que o CFA Cotia pode fazer este trabalho. Sim, já faz este trabalho, mas não na quantidade necessária para suprir o time profissional. Claro que o trabalho em Cotia também pode ser melhorado, mas isso não é tão rápido e nem tão certo de que Cotia vá suprir em 100% as necessidades do time profissional. Sem contar que adquirir um jovem de outro clube pode ser um bom negócio para o SPFC, como o jovem talento Claudinho do RBB recentemente por exemplo, um meia que tanto o tricolor precisa, que foi direto ao exterior, ou como agora ocorre com o Pedrinho, que saiu para depois voltar rapidamente, num caso raro e preocupante.

O que vai começar a acontecer com estes clubes que terão poder aquisitivo diferenciado é comprar um jovem talento e em dois anos o revender por um valor mais alto. É o que ocorre com os clubes médios Europeus, que compram, fazem a adaptação do jogador e depois o revendem a um clube maior, geralmente. Como o Brasil é realmente um grande formador de atletas de futebol, os clubes estão sendo comprados por empresas para elas poderem começar a fazer isso aqui em solo brasileiro, com isso todo mundo vai ganhar, já que os clubes terão dinheiro e boa administração, consequentemente bons plantéis a honrar sua história dignamente, a torcida, terá time bom para torcer, e o jogador, que receberá em dia com perspectivas melhores de no futuro jogar na Europa.

O SPFC pode comprar 3 atletas em todo início de ano por R$ 25 milhões cada um? É disso que falo e escrevo nos últimos meses meus amigos, este é o novo futebol que a lei da SAF permitiu acontecer em solo brasileiro. De certa forma as contratações de Galoppo, que não sabemos ao certo quem pagou, e agora Pedrinho, são exemplos disso que escrevo. O fato é que o SPFC nunca terá o poder aquisitivo do Grupo City e de muitos outros que existem, é isso que precisamos colocar na balança no momento de analisar.

A questão ainda vai mudar de nível em breve, quando vários clubes puderem fazer isso, ou seja, assim que estas empresas arrumarem a casa nos bagunçados e falidos clubes brasileiros. A coisa está só começando e temos Cruzeiro, Bahia, RBB, Vasco, Botafogo e possivelmente o Atlético MG em breve sendo SAFs. Logo depois virá o Athletico PR. Hoje o Fortaleza fez melhor proposta por Rato do que o tricolor, pois é melhor administrado. Tirando o fato de que o Palmeiras e o Flamengo já possuem poder aquisitivo bem diferente do que o tricolor paulista tem, nosso querido clube vai ficar para trás ou parado no tempo, o que é a mesma coisa, pois quem estaciona é ultrapassado por quem anda para frente. Por mais que o SPFC faça uma boa lição de casa e se organize, ainda será um clube, não uma empresa, e estará sempre sujeito a ter um presidente no futuro que seja mais fraco estragando tudo e, além disso, jamais terá a capacidade organizacional e financeira de um grande grupo internacional, que serão os donos das maiores camisas deste esporte no mundo todo, é questão de tempo.

Concluindo, vejo a atual arrumação da casa tricolor como uma etapa para os novos tempos, ou seja, ser comprado por uma organização gigante. Caso o tricolor não faça isso, podem apostar, jamais este clube poderá concorrer com o City dentro e fora de campo.

Salve o tricolor paulista, o clube da fé.

Carlito Sampaio Góes