Coração são-paulino, gratidão ao Bahia e pai palmeirense, Daniel Alves não cogita volta: “Vai demorar”

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GloboEsporte.com

Alexandre Lozetti, Hector Werlang e Raphael Zarko

Capitão da Seleção diz ter objetivos maiores e, aos 36 anos, afirma que só ele vai decidir quando se aposentar: “O futebol não vai me mandar para casa”.

Daniel Alves foi obviamente questionado sobre um possível retorno ao futebol brasileiro na sua longa entrevista concedida em Salvador, neste domingo. Revelado pelo Bahia, o lateral-direito afastou a possibilidade de retornar brevemente ao futebol brasileiro, mesmo tendo seu contrato com o PSG prestes a se encerrar, no fim deste mês.

– Vai demorar (para voltar ao Bahia) (risos). Eu falei para pessoal do Bahia que pode ser por um ou dois meses porque vai demorar muito ainda. Eu pretendo outras coisas na minha vida e tenho objetivos, não digo maiores para não pensarem que estou menosprezando, mas tenho desafios e quero vivê-los. Quero mostrar para outros atletas que eles decidem quando começa e quando acaba. Eu decidi quando começaria minha carreira e no momento certo vou decidir quando acabar. Não vai ser o futebol que vai me mandar para casa. Até lá, espero conquistar muitas coisas.

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Daniel Alves não cogita retornar ao Brasil: "Não vai ser o futebol que vai me mandar para casa. Até lá, espero conquistar muitas coisas" — Foto: Pedro Martins / MoWA Press

Daniel Alves não cogita retornar ao Brasil: “Não vai ser o futebol que vai me mandar para casa. Até lá, espero conquistar muitas coisas” — Foto: Pedro Martins / MoWA Press

Daniel Alves voltou a comentar sua torcida pelo São Paulo. Nascido em 1983, ele era criança na fase mais vitoriosa da história do clube, comandado pelo técnico Telê Santana. Nem mesmo o pai, torcedor do Palmeiras, conseguiu afastar o filho diante dos títulos tricolores daqueles tempos.

– O São Paulo é o meu time. Meu pai torce para o Palmeiras, é bom deixar claro senão dá confusão em casa. Tenho minha relação de ter visto o time jogar, me lembro do Telê.

O lateral-direito também se inspirou no companheiro de posição daquele São Paulo vencedor: Cafu, também duas vezes campeão mundial com a Seleção.

– Não gosto muito de comparações, mas acredito que eu tenha a raça do Cafu e a qualidade do Jorginho. O Cafu jogava num time que gosto muito, é uma pessoa perseverante e de comprometimento com a causa. E o Jorginho pela qualidade técnica, a forma como cruzava. Era inspirador vê-los jogar.

Daniel Alves só não foi plenamente feliz jogando no Morumbi, na última sexta-feira. O lateral-direito criticou o comportamento da torcida, hostil a alguns jogadores e sem vibração. Logo depois da vitória por 3 a 0 sobre a Bolívia, na abertura da Copa América, ele disse que era possível até mesmo escutar as orientações de Tite, tamanho o silêncio.

Daniel Alves comenta declaração sobre frieza da torcida em São Paulo

Daniel Alves comenta declaração sobre frieza da torcida em São Paulo

Em Salvador, o capitão afirmou que a distância das arquibancadas para o gramado pode ter atrapalhado.

– Falei da minha sensação de que quando jogamos no Morumbi isso acontece, não em São Paulo, em geral. Na Arena é diferente, de repente porque no Morumbi a torcida está muito distante – disse Daniel Alves, que também pediu apoio sem relação ao time do jogador da Seleção. No último jogo, o corintiano Fagner, seu reserva, foi bastante vaiado ao ter seu nome anunciado.

– Vou insistir que as pessoas entendam que estamos aqui representando nosso país. Não estamos aqui para brincadeira, perdendo tempo ou porque ficamos mais bonitos vestindo a camisa da seleção brasileira. Estamos aqui para uma missão e é momento de seriedade. Não importa se gosta ou desgosta de certo jogador ou se ele joga num time que você não gosta, é momento de estarmos unidos, fechados. Já vivemos a experiência de que quando há conexão os resultados são mais favoráveis.