Reconhecidamente a diretoria do São Paulo fez investimentos além do que planejava para tentar manter a equipe competitiva, como pediu o seu treinador. Não poderia ter sido diferente após as vendas de Paulo Henrique Ganso (Sevilla), Alan Kardec (Chongqing Lifan), possivelmente Rodrigo Caio (Sevilla) e a saída de Jonathan Calleri (West Ham). É necessário ainda, claramente após uma partida improdutiva e apática diante do Grêmio, de um esforço final para reposicionar o ataque da equipe.
Muitos foram os nomes especulados nos últimos dias para aumentar a ansiedade do torcedor, que vem sendo tratado como um verdadeiro sócio do clube em muitas das decisões tomadas, e influenciado diretamente os diretores do clube. Entre os nomes especulados estiveram Alexandre Pato (negociado pelo Corinthians por R$ 11 milhões ao Vilarreal, com salários pomposos de R$ 950 mil), e o de Lucas Pratto, cujo o Atlético-MG pede a bagatela de 30 milhões de reais. A última especulação, porém, é real e promissora e, pra mim, deveria ser tentada de todas as formas: Pablo Daniel Osvaldo.
Nesse momento, não importa o passado polêmico por qual passou o atacante ítalo-argentino. Ele jogou em equipes como Juventus, Internazionale, Boca Juniors e Roma. Nas duas últimas foi protagonista. Trata-se de um jogador de extremo talento, que faria toda a diferença técnica para o ataque. Se o São Paulo recuperou Adriano Imperador, qualquer outro pode ser recuperado. Vale lembrar que Daniel Osvaldo chegou ao Boca com status de ídolo para jogar em um ataque estrelar ao lado de Carlos Tévez (outro protagonista em gramados italianos, este pela Juve). Osvaldo chegou para deixar nada menos que Jony Calleri no banco.
O que o São Paulo precisa fazer para ter um jogador desse quilate no comando de ataque? Apenas pagar os seus salários, pois ele está sem clube. Outros concorrentes especulados pelo diário argentino “Olé” são o Peñarol, Universidad Católica e Cruz Azul, com favoritismo para os mexicanos. Inegavelmente Osvaldo seria a peça de encaixe que falta ao elenco, apesar da diretoria já sinalizar de que pode não trazer mais jogadores. Deveria fazer esse esforço final para concorrer a títulos.
Desnecessidade de um meia
Apesar de alguns torcedores insistirem para que um meia seja contratado, em substituição a Ganso, esse jogador não existe e não é fácil de encontrar. Entendo que o peruano Christian Cueva jogou partidaças como armador do time, e é sim o substituto de Ganso, de grande qualidade. Apesar de especulações sobre Renato Cajá, atualmente jogador do Bahia, me parece que o São Paulo não fará esforços para buscar um outro meia. E está correto.
Reforços desnecessários
As contratações do atacante Gilberto (vindo do Chicago Fire-EUA) e do zagueiro Douglas (Dnipro-UKR) foram desnecessárias. São jogadores tapa-buracos, lacunas que jovens do elenco poderiam ter suprido. Um jogador subaproveitado é Luiz Eduardo, fez partidas consistentes pelo São Paulo no passado e, apesar da contusão, poderia sim substituir Rodrigo Caio até o retorno de Breno, fazendo esse revezamento com Lugano. Já o atacante Andrés Chávez, advindo do Boca, é uma mera aposta. Não tem toda a qualidade que justifique um investimento.
Compras corretas
Por mais que alguns cronistas teçam críticas à compra do zagueiro Maicon, foi um investimento totalmente acertado. Título não se acha na esquina, e um problema crônico enfrentado pela defesa do São Paulo pode ser suprido por este jogador; jogo aéreo e extrema tranquilidade podem até conduzi-lo à Seleção Brasileira, e isso não tem preço. Christian Cueva e Julio Buffarini são, definitivamente, o tipo de jogador que deve ser comprado visando títulos. Visando coisas grandes.
Cueva tem um fôlego de jogo que está faltando em meias brasileiros, tem aquele drible a mais e um passe inteligente, aqueles que meninos do Brasil não aprendem mais na base, pois seus treinadores pedem para que eles se livrem da bola. Buffarini é um lateral que consegue aliar poderio defensivo, com avanços brutais ao ataque. Aquele cara que joga full time com pé duro, não tem medo de dividida e tem qualidade técnica. Definitivamente, senão o melhor, um dos melhores laterais direitos da América do Sul.
Defesa qualificada
Especialmente o gerente executivo de futebol do São Paulo, Gustavo de Oliveira, está enxergando a equipe em longo prazo. A defesa do São Paulo que foi formada é fortíssima. O lateral esquerdo Eugênio Mena corrigiu o eterno problema defensivo daquele setor (o que ninguém esperava, e persistia desde a saída de Álvaro Pereira). Imaginem que Breno volte a jogar futebol em alto nível. Agora pensem nele ao lado de Maicon. Se Buffarini for o escolhido pra lateral, esse quarteto faz inveja a qualquer equipe da Europa. Todos serão ainda capitaneados por um volante que cresce o seu poder de marcação, que joga ligado, que joga full time, como é o caso de Hudson. Ele cresceu demais esse ano.
Assim, aposto que o São Paulo pode brigar por títulos já esse ano com mais um investimento no ataque. Caso isso não ocorra, vejo com bons olhos a integração cada vez maior de atletas como Lucas Fernandes, Luiz Araújo e David Neres na equipe profissional. Esses três são apostas certeiras e renderão grandes frutos em um futuro breve. Poderão aprender ao lado de jogadores experientes e talentosos como Cueva e Michel Bastos.
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Alexandre Velame é Jornalista e Advogado, são-paulino há quase três décadas e usuário da SPNet desde 1997. Escreve nesse espaço aos domingos.
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